46º FBCB – Prêmio ABCV

Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo homenageia o cineasta Afonso Brazza nos 10 anos de seu falecimento

Conferido a profissionais do audiovisual do Distrito Federal, em 2013 o Prêmio ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo vai homenagear um cineasta que marcou a história do cinema produzido no Distrito Federal. É Afonso Brazza, falecido em 2003 e que este ano completaria 58 anos de idade. Representantes do realizador de filmes como Inferno no Gama e Tortura Selvagem – A Grade receberão um troféu especialmente concebido por Poema Muhlenberg.

Uma arma na mão e uma ideia na cabeça

Afonso Brazza (1955-2003) foi um bombeiro-cineasta que deixou um exemplo de determinação e paixão pelo cinema. A produção cinematográfica da Boca do Lixo paulista pegava fogo, no início da década de 70. No meio de tantos famosos e anônimos, figurava uma pessoa discreta e calada, que trabalhava revisando os filmes do diretor e produtor Tony Vieira, que voltavam das salas de exibição. Era o Brasília, ou simplesmente, Afonso Brazza, pseudônimo que adotaria mais tarde como marca registrada.

A convivência de Brazza com o cinema de José Mojica Marins, Tony Vieira, Odir Fraga, Chico Cavalcante e tantos outros ali da Boca, que se aventuravam do bangue-bangue à pornochanchada e do faroeste ao cangaço, acabou influenciando o rapaz, que, discretamente, mesmo sendo apenas um revisor, tudo observava e sonhava um dia poder realizar o seu próprio cinema. Naqueles tempos, a Boca onde ele vivia era assim. Lá, todo mundo sonhava.

Sem se importar com as frases e modelos impostos pela academia, Brazza construiu uma cinematografia ao mesmo tempo popular, trash e cult. É muita coisa para quem subverteu as regras, a luz e até a química da revelação do negativo nos banhos de laboratório. Brazza era assim: para onde o nariz apontasse, a cena rodava. Para o diafragma, ele dava um número qualquer e acabava saindo uma cena, tipicamente brazziana.

Ainda nos anos 70, deixou a Boca e retornou a Brasília. Aqui produziu e dirigiu oito filmes de longa metragem. Uma marca extraordinária para os padrões nacionais. Seu penúltimo filme, Tortura Selvagem – A Grade, permaneceu por quase um mês em cartaz no Cinemark, em Brasília, com sala lotada todos os dias, superando filmes com orçamento até dez vezes maiores do que o seu. E como bom anfitrião, recebia o público na porta do cinema, tirando fotos, cumprimentando e abraçando quem chegava.

Não é possível descrever com padrões acadêmicos um filme de Brazza. Mas o seu primitivismo e a sua pureza nos dão a certeza de que nele existia algo que pode ser chamado de verdadeiro caso de amor pelo cinema – puro, incondicional e sem limites, como deve ser todo o amor verdadeiro. Brazza almoçava cinema, jantava cinema, dormia cinema e acordava cinema. Não queria pensar e fazer outra coisa.

Mesmo quando adoeceu, não se importou com o câncer, que pouco a pouco lhe minava as forças, insistindo em filmar. Com uma arma na mão e uma ideia na cabeça, ele apontava a câmera para algum lugar, apertava o play e gritava ação para seu elenco, que mais se parecia com um bando de personagens alucinados vindos do exército de Brancaleone – e, assim como ele, também loucos por cinema. Brazza era pura diversão!

Nos últimos momentos de vida, quase vencido pelo câncer e a eterna falta de dinheiro, já no leito de morte ainda buscou forças para suplicar aos presentes no quarto para que não deixassem seu último filme Fuga Sem Destino inacabado: “Paixão assim não acontece todo dia”.

Brazza só se importava com o cinema. Portanto, é mais que verdadeiro afirmar que ele viveu e morreu pelo cinema. Uma relação absolutamente passional. No ano em que sua morte completa dez anos, a ABCV-DF – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo presta a sua justa homenagem, mesmo que póstuma, ao mais trash, cult e apaixonado cineasta candango. Brazza morreu, mas será que o Brazza morre?

Pedro Lacerda – associado da ABCV-DF e responsável pela finalização de Fuga sem destino, filme que Brazza deixou inacabado.

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