LIVRETO DE CORDEL ‘DOR E FLOR DA MINHA VIDA’ SERÁ DISTRIBUÍDO A ESCOLAS PÚBLICAS, BIBLIOTECAS E CASAS DE CULTURA POPULAR DO DF
Livro relata os desafios, encontros e desencontros de um autor do interior do Piauí, em linguagem de literatura de cordel
*Lançamento será no dia 18 de outubro, às 10h, no espaço Vitrine dos Saberes, no ConectaIF Campus Brasília
*Ideia é despertar a atenção do leitor de hoje para um gênero que conjuga escrita, oralidade e xilogravura
*Tiragem inclui 1.000 livretos de Cordel e 100 livretos em Braille
A vida e as experiências de um piauiense do interior, contadas através dos versos de um cordel, oferecem um retrato do Nordeste brasileiro na primeira metade do século XX. “Dor e flor da minha vida” é título do livreto de cordel que será lançado em Brasília, no dia 18 de outubro, narrando um pouco da vida de José Alves de Sousa, o José Cisnandes, filho de vaqueiro, marido de dona Mercê, pai de 12 filhos e morador de São Francisco do Piauí. José Cisnandes enfrentou de frente os revezes da vida e legou a seus descendentes uma lição de esperança. O lançamento será no novo espaço Vitrine dos Saberes, criado pelo Instituto Federal de Brasília no Campus Brasília (na L2 Norte, SGAN 610 norte).
“Dor e flor da minha vida” foi escrito em 2015 e só agora ganha edição, graças ao patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Serão publicados 1.000 livretos de cordel e 100 livretos de cordel em Braille, para serem distribuídos gratuitamente em escolas públicas, bibliotecas e casas de cultura popular (como a Casa do Cantador) de diversas regiões administrativas do DF e entorno, inclusive na zona rural.
A obra, que conta com xilogravuras da artista e ilustradora Nara Oliveira, foi escrita pelo autor como resultado de uma promessa feita a uma de suas filhas e ganha edição pela iniciativa de outra filha, Nalva Sysnandes, uma das mais ativas produtoras culturais de Brasília.
POESIA POPULAR
Grande parte da população que morava em Brasília, antes da inauguração da cidade, em 1959, vivia em acampamentos da construção civil e quase metade era nordestina. Entre eles, piauienses criados “com leite de jumenta e caroço de manga”, como contaram alguns. Segundo dizem, os piauienses formaram a segunda maior colônia de pioneiros responsáveis por construir a nova capital federal. Hoje, milhares de piauienses habitam a capital do país, inseridos em todos os seus espaços. Muitos deles irão se identificar com os versos de “Dor e flor da minha vida”.
Em 32 páginas, numa escrita rimada e simples, José Alves de Sousa relata sua infância. Somos levados a um mergulho no Nordeste brasileiro da década de 1930 e ao eterno sonho dos jovens de conseguirem melhorar de vida migrando para outras regiões. O retorno à terra natal, o apaixonamento pela bela Mercê, casamento, filhos, netos. Está tudo lá, até a velhice ao lado da esposa, acompanhando de longe a vida dos filhos nas grandes cidades.
Nascida em Portugal no século XII, a literatura de cordel recebeu esse nome devido à forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. O gênero chegou ao Brasil no século XVII e se popularizou no século seguinte, especialmente no Nordeste do País. Assemelhando-se aos trovadores medievais, os repentistas ajudaram a divulgar o estilo, musicando as histórias do cordel, feitas em versos rimados.
A literatura de cordel conjuga várias manifestações artísticas: escrita, oralidade e gravura. Os livretos são ilustrados com xilogravuras e a linguagem é leve e bem-humorada, criada para ser declamada e seguindo algumas regras quanto à métrica e rimas.
Os exemplares de “Dor e flor da minha vida” seguem o formato tradicional dos livretos de cordel – com exceção da tiragem editada em Braille, para melhor atender à leitura de quem tem deficiência visual. Segundo relata a coordenadora geral do projeto, Nalva Sysnandes, a intenção é alavancar o trabalho de novos autores: “Queremos divulgar o cordel, incentivar talentos à arte da escrita e contribuir para a popularização da literatura, colocando o cordel ao alcance de todos, tanto em escolas quanto em bibliotecas”.
“Não é produto de marca que define um cidadão.
Nunca julgue nessa vida um homem de pés no chão,
Pois o sapato calça os pés
Mas não calça o coração.
Terra de cultura viva, Chico Anísio, Gonzagão de Renato Aragão
Ariano e patativa. Gente boa, criativa
Isso só me dá prazer e hoje mais uma vez eu quero dizer
Muito obrigado ao destino, quanto mais sou nordestino
Mais tenho orgulho de ser”
Bráulio Bessa
poeta, cordelista, declamador e palestrante
FICHA TÉCNICA
DOR E FLOR DA MINHA VIDA
Autor: José Alves de Sousa
Coordenação geral: Nalva Sysnandes
Produção executiva: Clara Nugoli
Coordenação administrativa: Ana Celina
Distribuição de livros: Rosângela Aparecida Nugoli – PCD
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