1º Encontro Flipiri de Ilustradores • Mesa 3

5ª FLIPIRI – FESTA LITERÁRIA DE PIRENÓPOLIS

Mesa 3 – A carreira de ilustrador

O que leva um artista a escolher a carreira de ilustrador? Foi a partir deste tema que se reuniram três grandes nomes da ilustração no Brasil: o paulista Odilon Moraes, o pernambucano-brasiliense Jô Oliveira e a paulista-goiana Ciça Fittipaldi, com mediação de Sophia Pinheiro. Os três relataram suas experiências a partir do tema A carreira de ilustrador na terceira mesa do I ENCONTRO FLIPIRI DE ILUSTRADORES. Suas escolhas devem ter valido a pena: todos são amplamente prestigiados e premiados.

Detentor de prêmios conceituados como Jabuti e o Adolfo Aizen, da UBE, Odilon Moraes confessou que primeiramente pensava em ser pintor. Mas, segundo relatou, seus quadros sempre eram acompanhados de histórias. Não havia quadro sem um relato. Então, percebeu que estava na área errada. “Pra mim, as duas coisas sempre andaram juntas. Eu não escolhi ser ilustrador, eu descobri que o que sabia, a forma de me relacionar com o mundo, era através da ilustração”, contou.

Para Jô Oliveira, o processo foi um pouco mais complexo. Nascido no Nordeste, o ilustrador passou a infância em contato com a literatura de cordel, as feiras populares, e gostava de reproduzir as capas de livretos de cordel. Durante a ditadura militar, quando teve a chance de estudar na Hungria, levou este aprendizado, sua experiência singular de menino nordestino, para as terras europeias e percebeu que seu olhar era diferenciado. “Hoje, trabalho na tentativa de resgatar uma identidade nordestina, as minhas raízes”, contou. Seu esforço foi tão compensado durante a passagem pela Hungria que, antes mesmo de terminar o curso na Escola de Belas Artes, Jô Oliveira tinha trabalhos publicados na Itália. Ele relatou: “Então, achei que esta profissão de ilustrador era um barato! E faço isso até hoje”.

Paulista radicada em Goiás há mais de 20 anos, Ciça Fittipaldi é professora de ilustração na Universidade Federal de Goiás, mas explica que sua formação como ilustradora começou na Universidade de Brasília. “Sou da turma da USP que foi fazer cursos de arquitetura na FAU, mas eu preferi a UnB, porque era a universidade concebida por Darcy Ribeiro. Entre Artigas (arquiteto que projetou o edifício da FAU no campus da USP) e Niemeyer, escolhi Niemeyer. Quando desci do avião, em Brasília, uma paulistana acostumada a ver o céu entre edifícios, vi o horizonte com 360 graus e comecei a dançar. Me senti pisando no planeta pela primeira vez. Tinha encontrado meu lugar”, narrou. Para Ciça, não pode haver ilustração sem passar pela experiência pessoal: “o que realmente mudou minha forma de olhar o mundo, o que me trouxe uma chave para entender a vida foi a antropologia”, disse a artista. O trabalho de Ciça Fittipaldi é caracterizado pela experiência de contato pessoal com a vida de aldeias indígenas e quilombos. Seu relato emocionou a plateia.