O LUTO DA BALEIA

Livro da autora Solange Cianni inspira performance poética

*Três intérpretes de diferentes gerações e experiências se unem para vivenciar uma história que fala de perda e ressignificação

*Direção de Jonathan Andrade e mediação do arte-educador Wellington Oliveira

*Performance e ensaio fotográfico no Lago Paranoá, no dia 23 de maio

*Apresentações para estudantes do IFB de São Sebastião e do CEF 03 do Paranoá

Segundo a ciência, uma baleia orca costuma carregar o filhote morto durante vários dias e por milhares de quilômetros através do oceano até abandoná-lo, num processo de luto e despedida. O belo e doloroso costume das baleias inspirou a autora Solange Cianni a conceber “O luto da baleia”, livro lançado em 2022, pelo coletivo editorial Maria Cobogó, que agora chega à cena num trabalho híbrido, que mescla literatura, teatro, dança, performance. A obra será apresentada, nos próximos dias 30 e 31 de maio, para estudantes do IFB – Instituto Federal de Educação do campus de São Sebastião e, nos dias 5, 6 e 7 de junho, para alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) do CEF 03, do Paranoá. Antes disso, no próximo dia 23 de maio, haverá uma performance para ensaio fotográfico, aberta ao público, entre 14h e 18h, na Ermida Dom Bosco, às margens do Lago Paranoá. O patrocínio é do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal.

Sob a direção do encenador e dramaturgo Jonathan Andrade, as atrizes Micheli Santini, Márcia Duarte e Márcia Lusalva dão vida a diferentes tempos e jornadas de uma mulher cujo filho escolheu a morte. No livro – inspirado em fatos reais – ao perder o filho, uma mulher se espelha no processo de despedida das orcas e vivencia seu processo de adeus dentro das águas do Lago Paranoá, nadando amarrada ao filho morto para entregá-lo nos braços de Nanã Buruquê, senhora da criação e da passagem de luz dos mortos desta vida para outras.

A encenação oferece uma leitura que, mais do que palavras, apresenta a reverberação do corpo ao que está escrito. A literatura estará presente, com a incorporação de trechos do livro de Solange Cianni ditos pelas atrizes, mas nada será explícito. A história surgirá traduzida em palavra, movimento e imagem, com uma narrativa que incorpora afetos e experiências trazidas pelos próprios artistas, como explica o diretor Jonathan Andrade: “A via de expressão é o poético, o onírico, é a poesia a serviço de um sonho, de ecos de memória que cada uma busca dentro de si mesma”. Assim, aos poucos vai se desenhando a jornada de superação dessa mulher, sua experiência mística, o diálogo com as várias mulheres que coexistem dentro dela.

Até chegar ao formato atual, diretor e intérpretes mergulharam fundo no livro de Cianni. Foram várias semanas de leitura, estudo, diálogo, reflexão, para encontrar o que reverberava do livro nos artistas. Depois, partiu-se para um processo exploratório do corpo, de forma a traduzir, através da poesia do movimento, o que está impresso em palavras. O resultado é uma obra cênica performática focada nessa mulher e do que nasce e renasce dentro dela.

Na terça-feira, 23 de maio, será apresentada uma performance para ensaio fotográfico, entre as 14h e as 18h, na beira do Lago Paranoá, na altura da Ermida Dom Bosco. Este será o único momento em que a obra performática poderá ser vista pelo público em geral.

RODAS DE PARTILHAS

Por abordar um tema tão sensível quanto o suicídio, as apresentações serão mediadas pelo que a equipe chama de “rodas de partilhas de saber”, sob a coordenação do arte-educador Wellington Oliveira, mestre e doutor com especialização no diálogo entre o teatro e a comunidade. A ideia é inserir a obra dentro da escola, despertando a atenção não só para a temática, mas também para o contato dos estudantes com a própria expressão artística. “A minha abordagem é pensar em ações artísticas e pedagógicas de dilatação dos estudantes a partir da obra”, explica Wellington Oliveira.

Serão quatro momentos de provocação e reflexão com os estudantes, como uma porta de entrada ou um primeiro contato deles com a narrativa que será apresentada na obra cênica. A primeira Roda de Partilha de Saber, “A arte da escrita”, será focada nos aspectos técnicos da escrita literária propriamente dita, como por exemplo, transformar em literatura e poética uma trajetória biográfica.

Já “O corpo em cena” vai abordar a forma como os intérpretes atualizam o tema a partir das próprias vivências. Em “A construção do espetáculo”, os estudantes poderão conhecer elementos presentes na composição do trabalho e receberão algumas pistas da performance, sendo provocados, através de jogos, a buscar em si mesmos elementos de expressão cênica e artística.

E ao final, após a apresentação da performance, artistas e diretor participam de uma oficina-debate envolvendo os estudantes, para identificar os ecos do trabalho dentro de cada um.

INTÉRPRETES E CRIADORES

“O Luto da Baleia” chegará ao formado de obra cênica performática pela direção sensível de Jonathan Andrade, que em 13 anos de trajetória profissional acumula vários prêmios. Como dramaturgo recebeu o prêmio SESC do Teatro Candango de melhor dramaturgia, pelo texto “Entrepartidas” (2011), e dois prêmios FUNARTE pelos textos “Terra de Vento” (2009), contemplado pela Bolsa Funarte de Dramaturgia, e “GuardAChuva” (2004), publicado pela instituição. Também participou do projeto “Coleção Dramaturgia Holandesa”, criado em parceria entre a editora Cobogó e o Núcleo dos Festivais Internacionais de Teatro do Brasil, traduzindo e dirigindo uma leitura dramática do texto “Eu não vou fazer Medeia”, de Magne Van Den Berg, em Salvador.

O projeto conta com a potência de três atrizes de trajetória reconhecida. Micheli Santini é integrante do grupo Teatro do Concreto, premiada como Melhor atriz por sua atuação no espetáculo “Diário do Maldito”, em 2006, no Prêmio Sesc de Teatro Candango.

Márcia Duarte, professora doutora da UnB, além de atriz é intérprete, coreógrafa e diretora, fundadora e integrante do grupo EnDança e posteriormente da Cia Márcia Duarte (1995/2015). Recebeu prêmio de melhor coreografia na Mostra de Novos Coreógrafos do Rio de Janeiro (1986) e o Prêmio Villanueva de melhor espetáculo no Festival de Havana, Cuba (1996).

Marcia Lusalva é atriz, dançarina, criadora, vive atualmente em Berlim mergulhada em sua pesquisa artística e está em Brasília especialmente para participar de “O luto da Baleia”. Lusalva, que trabalhou na Companhia de Dança Márcia Duarte desde sua fundação (1994), atuou como membro do BasiRaH Grupo de Dança Contemporânea desde a criação do grupo, em 1997.

A AUTORA – Nascida no Rio de Janeiro, Solange Cianni é pedagoga, psicopedagoga, escritora e atriz, com especialização em Comunicação e Expressão na Universidade de Barcelona, Espanha, com cerca de 40 anos de experiência em Educação Infantil. Tem seis livros infantis editados e três para adultos. No teatro participou como atriz da montagem de “Gota D’Água”, com Bibi Ferreira, inaugurando o Teatro Dulcina/DF em 1980; trabalhou com diretores teatrais renomados em Brasília como Hugo Rodas, Guilherme Reis, Jonathan Andrade e Fernando Villar, dentre outros. É membro do Coletivo Literário Maria Cobogó, criado em 2018 em Brasília, onde mora desde seus 15 anos.

FICHA TÉCNICA
Autoria: Solange Cianni
Direção/Direção de arte e Dramaturgia: Jonathan Andrade
Idealização/Coordenação geral e codramaturgia: Solange Cianni
Elenco: Micheli Santini, Márcia Duarte e Márcia Lusalva
Produção executiva: Alana Ferrigno
Produção geral: Carol Franklin
Trilha sonora original: Fernanda Cabral
Preparação corporal: Márcia Duarte
Iluminação: Rodrigo Lélis
Figurino: Maria Carmen de Souza
Fotografia: Diego Bresani
Design gráfico: Gabriel Guirá
Mediação: Well Oliveira
Assessoria de mídias: Alana Ferrigno e Clara Camarano
Patrocínio: Fundo de Apoio à Cultura – FAC, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal

SERVIÇO

ENSAIO FOTOGRÁFICO ABERTO AO PÚBLICO
Data: 23 de maio de 2023
Local: Ermida Dom Bosco – margens do Lago Paranoá
Horário: 14h às 18h
ENTRADA FRANCA

PERFORMANCE E RODAS DE SABERES
Data: 30 e 31 de maio de 2023
Local: Campus do IFB de São Sebastião
Horários: 3 apresentações nos turnos matutino, vespertino e noturno
EXCLUSIVO PARA ESTUDANTES DO IFB

PERFORMANCE E RODAS DE SABERES
Data: 5, 6 e 7 de junho de 2023
Local: CEF 03 do Paranoá
Horário: turno noturno
EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO EJA DO CEF 03

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