ENCONTROS E OFICINAS DO CENA CONTEMPORÂNEA 2022

Espaços de reflexão e formação

Os Encontros do Cena – Espaço Internacional de Intercâmbio e Cooperação Cultural agrupam os debates e oficinas promovidas pelo festival, visando a reflexão e a formação. Em 2022, o espaço completa 12 anos de existência, reunindo oito atividades. Serão quatro debates e quatro oficinas, que buscam aproximar as criações e artistas presentes na programação do festival de seu público, oferecendo leituras e reflexões em torno de questões contemporâneas e das artes da cena.

Composta de debates, oficinas, entrevistas e lançamentos, a agenda dos Encontros deseja debater temas relevantes da criação cênica e sua relação com a sociedade, assim como falar de criação, gestão e difusão das artes e da cultura no Brasil e no mundo.

Os debates partem das temáticas das obras desta 23ª edição e percorrem um caminho diverso, que passa pela arte e educação, violência de gênero, censura às artes e à criação cênica numa perspectiva decolonial. Já as oficinas, trabalham desde o desenvolvimento do movimento corporal cênico até a criação de dramaturgia LGBTQI+ e a criação de cartazes para teatro.

As inscrições para as oficinas vão de 8 a 17 de junho e as inscrições para os debates de 19 a 27 de junho. As atividades requerem inscrição prévia e são gratuitas.

ENCONTROS E DEBATES

ENCONTRO 1

29/06 das 15h30 às 17h
Centro Cultural da ADUnB (UnB)

A IMPORTÂNCIA DA ARTE E DA EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE BARBÁRIE
Denise Fraga

Participam: Carmem Moretzsohn e Mariana Soares

A atriz Denise Fraga apresenta a obra EU DE VOCÊ, um dos espetáculos que abrem o Cena Contemporânea e, neste debate, propõe aos participantes algumas reflexões importantes e atuais, a partir de temas como o reforço dos vínculos da arte e da educação na formação de um povo e as tentativas de apagamento histórico. E ela se interroga sobre a quem interessa que a arte desapareça e a educação volte a ser privilégio de poucos e como reforçar vínculos entre artistas e educadores. Engajada com o tema do acesso à arte e à educação, sua empresa NIA TEATRO, há mais de dez anos apresenta espetáculos em periferias de grandes centros urbanos. Neste período, foram mais de 700 mil espectadores, o que revela a força do teatro no país.

Atividade com tradução na linguagem de Libras

ENCONTRO 2

30/06 das 17h às 18h30
Sala Multiuso do Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul

COMPARTILHAMENTO DE TRAJETÓRIA DE PESQUISA E CRIAÇÃO
Janaina Leite

Participa: Mariana Soares

Acessibilidade: Libras

Desde 2008, com o espetáculo “Festa de separação” – criado sobre um vídeo com registro da celebração do fim de uma relação por um casal -, a atriz, diretora e dramaturga Janaina Leite trabalha sobre o diálogo e as fronteiras entre a linguagem cênica e a investigação de si. No encontro “Compartilhamento de trajetória de pesquisa e criação”, Janaina vai aprofundar a reflexão sobre documentários cênicos com foco no teatro autobiográfico e discorrer sobre suas experiências de aproximação do teatro com o real, resultando numa cena performativa radical. Atriz, diretora e dramaturga, Janaina Leite é uma das fundadoras do premiado Grupo XIX de Teatro de São Paulo e paralelamente desenvolve uma trajetória pessoal, em espetáculos como “Conversas com meu pai” e “Stabat Mater”. Também lançou o livro “Autoescritura performativa: del diario a la escena”, da Editora Perspectiva, consolidando sua investigação sobre autobiografia documental no teatro. Janaina Leite tem ministrado oficinas, laboratórios e conferências em diversos países. Entre estas últimas, destacam-se suas palestras no Conservatório Nacional Superior de Arte Dramática de Paris, na Sorbonne Nouvelle – Paris 3, na Escola Superior de Música e Artes Cênicas, na cidade do Porto e na Escola de Teatro e Cinema de Lisboa.

ENCONTRO 3

07/07, das 16h às 19h
Sala Marco Antônio Guimarães do Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul

QUEM TEM MEDO?
Dellani Lima e Henrique Zanoni

Exibição do filme seguida de debate com os diretores e convidades

Acessibilidade: Libras

Exibição do documentário de longa-metragem que narra a ascensão da extrema direita no Brasil, a partir da perspectiva de artistas das artes da cena que tiveram obras censuradas nos últimos anos, como recrudescimento do controle de conteúdo em diferentes espaços de exibição. Com suas vozes, o filme compõe um mosaico das consequências nefastas da presente escalada do fascismo no país.
A exibição será seguida de um debate com dois dos diretores da obra: Dellani Lima, cineasta, músico, artista visual e ator, e Henrique Zanoni, cineasta, ator, produtor, roteirista, dramaturgo e montador. O debate contará com a presença de convidades nacionais.

Dellani Lima é cineasta, músico, artista visual e ator. Produziu, dirigiu, roteirizou, atuou e montou dezenas de filmes, exibidos em festivais como Berlim, Sundance, Visions du Réel e Brasília. Entre os seus trabalhos como diretor, está o longa “O Tempo Não Existe no Lugar em que Estamos” (2015).
Henrique Zanoni é cineasta, ator, produtor, roteirista, dramaturgo e montador. Sócio da produtora Bela Filmes e fundador da Cia dos Infames de Teatro, dirigiu os filmes “Quem Tem Medo?”, Labirinto, “Quem Perdeu o Telhado em Troca Recebe as Estrelas” e “Brutalidade”, entre outros. É mestrando em Cultura e Sociedade pela UFBA.
Ricardo Alves Jr é cineasta, produtor e diretor de teatro. Seus filmes foram exibidos em diversos festivais internacionais, como Semana da Crítica do Festival de Cannes, Berlinale, Locarno e Rotterdam. Seu longa “Elon Não Acredita na Morte” foi adquirido pela Netflix. É codiretor do espetáculo “Antes do Tempo Existir”.

OFICINA 1

01/07, das 10h às 14h
Sala Multiuso do Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul

OFICINA JOGO DA PEDRA
Mentor: Grupo Magiluth – com Giordano Castro e Lucas Torres

A oficina visa fomentar a construção, junto aos artistas-criadores, de metodologias de trabalho baseadas no mais recente processo criativo desenvolvido pelo Grupo Magiluth. Durante a criação de “Estudo Nº 1: Morte e Vida”, o olhar híbrido e inquieto do coletivo pernambucano se voltou para os movimentos migratórios gerados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto. O workshop propõe, por meio de diálogos entre a obra de João Cabral de Melo Neto e debates contemporâneos sobre as migrações forçadas, uma investigação sobre as potencialidades de impulsos que deslocam posicionamentos, tanto no plano espacial e geográfico quanto nos aspectos simbólico e humano.
Fundado em 2004 na UFPE, o Grupo Magiluth desenvolve um trabalho continuado de pesquisa e experimentação, tendo sido apontado pela crítica e pela imprensa como um dos mais relevantes grupos teatrais do país. Realiza colaborativamente diversas ações nos eixos de pesquisa, criação e formação artística, em constante diálogo com o território em que está inserido. Possui em seu histórico dez espetáculos, fundamentados em princípios da criação teatral independente, de realização contínua e com intenso aprofundamento na busca pela qualidade estética.

Vagas: 06 a 20 participantes
Pré-requisitos: atrizes, atores, dramaturgas, dramaturgos, diretoras, diretores e estudantes de teatro

OFICINA 2

01/07, das 14h às 18h
Espaço Multicultural Casa dos Quatro (708 norte, loja 42)

DITADURA, RESISTÊNCIA LGBT E DRAMATURGIA
Mentor: Alexandre Ribondi

Um panorama da luta homossexual durante a ditadura militar brasileira, abordando as artes cênicas, o teatro de rua, os grupos de luta homossexual e o jornal Lampião, publicação homossexual que circulou no Brasil durante os anos de 1978 e 1981 Na segunda parte, Ribondi conduz à criação de textos dramatúrgicos curtos com foco nesse tema.
Alexandre Ribondi é artista, dramaturgo, diretor, ator e sócio-fundador do Espaço Multicultural Casa dos Quatro, voltado à militância LGBTQIA+. Tem cerca de 30 peças escritas, muitas delas apresentadas no Brasil, em Portugal e na Suécia. Ribondi também é escritor e tem vários livros publicados. Em seus escritos, com frequência, casos de amor e sexo migram da realidade para a ficção, com muita naturalidade.

Vagas: 15
Pré-requisitos: N.A

OFICINA 3

29 e 30/06, das 10h às 13h
Fundação Athos Bulcão (510 sul, bloco B, loja 51)

JJBZ – OFICINA DE CARTAZES PARA TEATRO
Mentor: JJBZ

Uma breve análise do que é o poster de teatro/festival, conceitos de composição gráfica (elementos, efeitos, hierarquia, tipográfica), a definição do tema pessoal de cada participante e início de esboços. O mentor vai apoiar os participantes no desenvolvimento prático do desenho gráfico.
JJBZ é artista gráfico desde 2005 e tem trabalhos publicados no mundo todo (poster de espetáculos, shows e festivais, capas de discos, livros etc.). Premiado com a melhor capa de disco pelo voto popular no VMB pela capa do disco Música Crocante do Autoramas, em 2011, e melhor videoclipe no Conexão Vivo 2012, com o vídeo de “Packing to Leave” de Nina Becker. Entre seus projetos destaca-se para o livro “Dust and Grooves”, do fotógrafo novaiorquino Eilon Paz, premiado na AIGA; o disco Um Dia Eu Chego Lá, do Chama O Síndico, premiado na categoria ilustração do prêmio Brazil Design Awards 2020; Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília de 2019, finalista do prêmio Latin Design awards 2020; e Bienal da Une 2021, premiado na categoria ilustração do prêmio Brazil Design Awards 2021.

Vagas: 10
Pré-requisitos: noção de design gráfico e/ou composição gráfica

OFICINA 4

08 e 09/07, das 10h às 13h
Centro de Dança do Distrito Federal

ATELIER DE CRIAÇÃO KENIA DIAS
Mentora: Kenia Dias

Ateliê de criação a partir do estudo do movimento e seus desdobramentos poéticos. Que outras maneiras de estar no espaço são possíveis, de forma a ampliar as perspectivas do corpo? Como uma mesma sequência de movimento pode ser dançada com diferentes versões e qualidades de presença? A investigação, individual e coletiva, de situações cênicas a partir do movimento, das imagens criadas e das articulações transitórias de sentidos, de forma a expandir as possibilidades de montar, demolir e reinventar dramaturgias.
Kenia Dias é diretora, performer e professora de artes cênicas. Doutora em Comunicação e Semiótica/PUC-SP e mestre em Arte/UnB, o foco de sua pesquisa está em investigar dramaturgias corporais para a cena e analisar registros de processos de criação. Trabalha com diversos artistas e companhias de teatro e de dança, como Grace Passô, Georgette Fadel, Dudude Herrmann, Márcio Abreu, Janaina Leite, Ricardo Garcia, Giselle Rodrigues, Grupo Galpão/MG, Companhia Brasileira/PR, Companhia de Dança do Palácio das Artes/MG.

Vagas: 20
Pré-requisitos: diretoras(es) de teatro e cinema, artistas visuais, coreógrafas(os) e criadores de qualquer disciplina artística, sempre que haja interesse em criar projetos/obras.