46º FBCB – Primeiro debate das mostras competitivas

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Uma mesa exclusivamente feminina no debate dos filmes documentários exibidos na primeira noite de mostras competitivas do 46º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO. Foi o que constatou a jornalista Maria do Rosário Caetano, responsável por mediar os debates com as equipes dos filmes que concorrem a R$ 700 mil em prêmios. Na mesa estavam, de um lado a diretora Clara Linhart, do curta Luna e Cinara, e uma das protagonistas do filme, Cinara Magalhães Neves, e de outro, as duas diretoras do longa-metragem Outro Sertão, Adriana Jacobsen e Soraia Vilela.

Cred. Junior Aragão (4)Intimista, familiar, Luna e Cinara mostra a relação da avó da cineasta, Luna Mochcovitch, com sua assistente/acompanhante Cinara. “Minha avó viu o filme dois meses depois de ele estar pronto”, relatou Clara Linhart. “Eu estava muito constrangida, menos pela minha avó do que por Cinara, mas as duas tiveram um ataque de riso quando viram o filme e, quando terminou, pediram pra ver de novo. A única coisa que incomodou minha avó foi a questão estética, pois ela sempre foi muito vaidosa. Mas a Luna é muito consciente de quem ela é”. Cinara acrescentou: “Eu tenho que agradecer muitíssimo à Clara e Dona Luna pela oportunidade. É um sonho estar no cinema”.

Primeiro trabalho das cineastas Adriana Jacbosen e Soraia Vilela, Outro Sertão apresenta a vida do escritor João Guimarães Rosa quando atuou como vice-cônsul em Hamburgo, Alemanha, em pleno regime nazista, de 1938 a 1941. O filme de 73 minutos de duração é fruto de dez anos de pesquisa e mais de 130 horas de material. E mostra o que deve ser o maior registro de imagens em movimento do autor de Grande Sertão: Veredas – uma entrevista que Guimarães Rosa concedeu ao crítico literário alemão Walter Höllerer como programa piloto de um projeto que nunca foi ao ar. Nela, Guimarães fala com enorme desenvoltura de sua obra. “Nós conseguimos aquelas imagens no arquivo central de imagens da Alemanha. Elas estavam no catálogo, mas nós não sabíamos do que se tratava até assistir. Lutamos muito para conseguir uma cópia deste material. Fora isso, que tenhamos conhecimento, existem apenas imagens de Guimarães Rosa em Super 8, em cima de um cavalo, em pleno sertão. Mas é um trecho de menos de um minuto”.

Adriana e Soraia também revelaram que enfrentam problemas na relação com os descendentes do escritor, que detém os direitos sobre a obra dele. “Nós temos documentos assinados pelas duas filhas e pelo enteado de Guimarães Rosa, de que estavam cientes da pesquisa que fazíamos. E as filhas dele até nos ajudaram na pesquisa no início. Depois, houve um ruído e agora nós estamos exibindo o filme sem a autorização deles. Optamos por seguir este caminho e enfrentar os desafios que vierem”, contaram as duas.

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Segundo elas, o filme mostra apenas um recorte da imensa pesquisa que fizeram – “nós nos concentramos no primeiro semestre de 1939, porque tínhamos o controle de todos os vistos concedidos pelo Consulado do Brasil na Alemanha”, afirmaram. Mas o material ainda pode render vários outros produtos. Dizem as cineastas: “Nós gostaríamos de fazer curtas ou DVDs com todo este material que recolhemos. Temos um material riquíssimo! Pensamos em disponibilizar tudo isso na internet para que os pesquisadores da obra de Guimarães Rosa tenham acesso”. O filme Outro Sertão chega num momento em que o romance Grande Sertão: Veredas, obra prima do autor, está sendo novamente traduzido para o alemão, após mais de 30 anos esgotado nas livrarias do país.

DESENHO E BOXE

A equipe do longa-metragem Os Pobres Diabos compareceu em peso ao debate, embora todos soubessem que não seria possível um debate aprofundado sobre o filme, cuja exibição foi interrompida devido a problemas técnicos na noite de quarta-feira, 18, no Cine Brasília. Ainda assim, Rosemberg Cariry fez questão de agradecer à solidariedade da equipe, que ele chamou de “uma grande família”. “O circo vai incorporando pessoas por onde passa. Incorpora culturas, sotaques. O circo é pré-tropicalista. Nosso elenco também é assim”, disse o diretor.

Cred. Junior Aragão (2)Totalmente feito em nanquim sobre papel, o curta de animação Deixem Diana em Paz contou com o traço do artista plástico pernambucano Cavani Rosas, pai do diretor do filme, Júlio Cavani. Foi o pintor, escultor e desenhista que explicou que o processo de confecção do curta foi bastante artesanal. “Fiz todos os desenhos em bico de pena, depois escaneamos cada um para só em seguida passar para o computador”, revelou. Segundo ele, a atriz Joana Gatis serviu de modelo para a figura da Diana do filme.

Cred. Junior Aragão (9)O cineasta Artur Ianckievicz e a atriz Juliana do Espírito Santo, diretor e protagonista do curta-metragem de ficção Sylvia, revelaram que a música nasceu junto com o próprio roteiro, incorporando sucessos da Black music. “Queria que a personagem tivesse um sentimento afinado com isso”, afirmou Ianckievicz. O diretor também disse que o filme tem grande proximidade com o cinema oriental, pela economia de diálogos, e aproximação com a década de 70, pela trilha sonora. Juliana do Espírito Santo revelou que passou três meses treinando na academia de boxe para se aproximar do ambiente em que transitava a personagem. “Me interessava muito ter a experiência real com o boxe, me aproximar da técnica. Eu usava o treinamento como aquecimento de atriz. Foi quase uma experiência performática”, disse.

A 46ª edição do FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO tem coordenação geral de Sérgio Fidalgo, coordenador de Audiovisual da Secretaria de Estado de Cultura do GDF. O Patrocínio é da Petrobras, BNDES, Terracap e BRB. Apoio da Lei de Incentivo à Cultura, Inframérica (Aeroporto de Brasília), Câmara Legislativa do Distrito Federal, Canal Brasil, TV Brasil, Revista de Cinema. Realização: Instituto Alvorada Brasil, Secretaria de Cultura, Governo do Distrito Federal e Ministério da Cultura.

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