Teatro Noh

TEATRO FUNARTE PLÍNIO MARCOS

DIA 4 DE JULHO DE 2008

Espetáculo reunindo atores da lendária Escola Hosho faz apresentação única em Brasília mostrando arte centenária

Movimentos quase imperceptíveis ao olho desavisado. Uma sombrancelha que levanta, um dedo que espana um suposto floco de neve pousado no quimono, os pés que se movem lentamente para o lado. A poesia cantada em versos arcaicos e a máscara fixa que, por vezes, ilude o espectador. O Teatro Noh é sofisticado e não tem a menor intenção de ser facilmente digerível. Esta manifestação artística japonesa, desenvolvida e aperfeiçoada entre os séculos 14 e 15, é sinônimo de domínio do tempo, do movimento, da respiração e do canto. Agora, um dos grupos mais consagrados de Teatro Noh do Japão chega a Brasília para uma apresentação única, no Teatro Funarte Plínio Marcos, no próximo dia 4 de julho de 2008. Oportunidade de ouro para o público ter contato com os atores da lendária Escola Hosho, que muitos consideram a primeira de Teatro Noh da história. A apresentação acontece a partir das 20h30 e os ingressos custam R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia).

O espetáculo de Teatro Noh integra as comemorações pelo centenário da imigração japonesa no Brasil. Apenas cinco cidades estão sendo contempladas nesta pequena turnê pelo País – além de Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Ipatinga e Salvador. Em cena estão os atores da Escola Hosho, a segunda maior do Japão em número de alunos, sob o comando do ator Hajime Sano, um dos maiores expoentes do Teatro Noh de todos os tempos. Eles apresentam um programa de 1h30 de duração, no qual poesia, teatro e música se fundem.

Os intérpretes vão apresentar os vários estilos de Teatro Noh, começando por um quadro de conteúdo didático – uma espécie de iniciação para os brasileiros, leigos no assunto –, que introduz a linguagem. Em seguida, um ritual pede bênçãos a todos. Logo depois, há uma peça que leva para a cena ícones da narrativa Noh, como os espíritos e os pinheiros (em quase todo o Japão, o Teatro Noh se representa sobre um palco adornado com a forma de um pinheiro. A presença da árvore é significativa e remonta ao xintoísmo, para quem os deuses vêm a Terra sob a forma de pinheiros). O quarto ato introduz o estilo kyogen, que é o lado mais cômico da representação teatral. São, em geral, histórias calcadas no cotidiano e carregadas de humor. E, concluindo, uma representação cujo tema está centrado na mística e no simbolismo: um monge encontra uma ponte que leva ao paraíso, mas uma criança lhe diz que só um penitente será capaz de atravessá-la. Se ele confiar em si mesmo, deverá tentar. Se não…

ESCULTURA VIVA

O Teatro NOH foi a primeira manifestação artística japonesa a ser designada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 2001. Noël Peri (1865-1922), pioneiro na pesquisa sobre o Teatro NOH, escreveu: “O NOH é uma escultura viva”. Sua beleza está no jogo do ator, em sua movimentação, associado à fala e à música, descrevendo as paisagens, os fatos e os sentimentos mais íntimos. Os heróis da narrativa do Teatro Noh são quase sempre espíritos que contam uma história passada e procuram transmitir ensinamentos aos seres vivos. Cada ato do teatro NOH expressa a essência e a paixão da vida humana. Cada gesto, cada ação está codificada há centenas de anos.

Mais do que a trama, o conteúdo de uma peça de NOH remete ao universo dos sentimentos, ao espírito, ao estado psicológico dos personagens, levando o público a participar das emoções. O canto do coro, em uníssono, conduz o espectador ao lado mais íntimo do espírito do personagem, em contraste com as vibrações aguçadas dos tamboris e os sons ancestrais dos percussionistas. A melodia da flauta parece representar o estado da mente do personagem. O coração do personagem revela-se através da máscara, que muitas vezes dá a impressão de ter uma infinidade de expressões, devido aos movimentos impecavelmente coreografados. Os figurinos de brocados exuberantes harmonizam de uma forma misteriosa com o palco limpo.

Os diversos elementos musicais são entrelaçados pelo canto e pela dança. Sem cenário, a descrição de cada cena repousa unicamente no texto do canto, nos gestos e movimentos do ator. Eles fazem surgir aos olhos do espectador um universo poético, um mundo visto sob diversos aspectos, os fenômenos da natureza e da vida. Já o Kyogen representa a natureza humana através de acontecimentos do cotidiano, do mundo terreno, de forma cômica. Noh e Kyogen podem ser apresentados de diversas outras maneiras mais compactas, como maibayashi, ibayashi ou shimai, que são geralmente as principais partes da peça.

Diretores renomados de diferentes países têm recebido influência dessa forma de teatro que mistura gestos, dança e música de maneira poética e expressiva. A combinação desses elementos, resultado de um conjunto de conceitos e de teorias sofisticadas, oferece ao público uma peça de valor estético altamente refinado. E apesar de sua história ter mais de 600 anos, o Teatro NOH ainda segue despertando o interesse de criadores internacionais: muitos aspectos de sua linguagem corporal continuam sendo estudados e incorporados no teatro e na dança contemporânea em diversos países.

O ESPETÁCULO

A apresentação começa com uma introdução didática visando explicar ao público brasileiro o significado dos inúmeros detalhes característicos dessa arte milenar. A estrutura do espetáculo está dividida entre Introdução (20min), Maibayashi “Sanbaso” (9min), NOH “Takasago” (20 min), Kyogen “Boshibari” (25min) e Ibayashi “Shakkyo” (6min).

Sanbaso

Encenada de acordo com um antigo cerimonial ritualístico, compõe o programa de Teatro NOH durante o Ano Novo, nas férias e em ocasiões especiais. Refere-se a um ritual popular no qual um Deus abençoa as pessoas. Para muitos, trata-se de uma oração que traz paz, tranqüilidade e uma colheita farta. Atualmente o papel de Okina é feito por um ator NOH e o de Sabaso por um ator Kyogen.

Takasago

Trata-se de uma obra de louvor aos deuses pela felicidade e pela paz. Quando Kannushi avista um casal de velhos lavando o pátio sob os pinheiros, pergunta-lhes sobre os famosos pinheiros gêmeos de Takasago. O casal explica tudo sobre as lendárias árvores, manifesta votos de prosperidade e desaparece, depois de revelar que é, na verdade, o espírito dos pinheiros. É cantada com frequência nas cerimônias de casamento ou para abençoar a longevidade, a felicidade familiar e a paz.

Boshibari

Obra de teatro kyogen (cômico), fala de uma situação da vida cotidiana. Sempre que o patrão saía, seus dois empregados, Taro Kaja e Jiro Kaja, roubavam seu sakê. Um dia, o senhor decide tomar providências. Chama Jiro Kaja, fazendo-o concordar em amarrar Taro Kaja. Jiro Kaja aconselha-o a chamá-lo para mostrar sua destreza com um bastão, e depois amarrá-lo. Taro Kaja, chamado, aparece e mostra orgulhosamente sua habilidade com o bastão. Num momento oportuno, o senhor e Jiro Kaja o amarram no bastão. Porém, as coisas não páram por aí; o senhor acaba amarrando também Jiro Kaja. Enfim, tranqüilo, pensando que assim não poderiam tomar sakê, sai de casa dizendo que vai para além da montanha. Ocorre que, mesmo tendo sido amarrados, a vontade de tomar sakê de Taro e Jiro não diminui…

Shakkyo (Ponte de pedra)

É a história de um monge budista que, chegando ao pé de uma montanha na China, avista uma ponte de pedra. Ao tentar atravessá-la encontra uma criança da montanha que lhe conta que a misteriosa ponte foi construída pela natureza e levava ao paraíso e que somente um penitente poderia atravessá-la. A criança desaparece depois de profetizar que o monge seria capaz de fazê-lo.

ELENCO

David Crandall

Noboru Yasud

Sukenori Miyake

Yusuke Takazawa

Izuru Otsuka

Masayuki Namiyoshi

Akimasa Fujii

Takashi Kawase

Masayoshi Masuda

Toshinori Hamada 10 integrantes

Músicos:

Shonosuke Okura

Yusuke Kuribayashi

Masaaki Ko

Noriyoshi Okawa 4 integrantes

O Mestre:

Hajime Sano é ator Shite da Escola HOSHO de Teatro NOH, professor emérito da Universidade Nacional de Belas Artes e Música de Tóquio, Conselheiro do atual Grande-Mestre da Escola HOSHO e membro da Associação de Teatro NOH do Japão. Como discípulo do Grande-Mestre, Hosho Kuro, fez sua primeira apresentação no palco, como ator mirim (Kokata) e sua primeira atuação como Shite (protagonista), na peça “Seioubo”. Foi professor do Curso de Teatro NOH, uma das matérias do Departamento de Música Japonesa. Em 2003, apresentou espetáculos e workshops no Brasil com o Grupo do Teatro NOH de Kanazawa e em 2005 fez uma turnê pelo Brasil e pela Argentina, durante uma série de conferências, demonstrações e workshops sobre teatro NOH.

Produção: G-ONZE ASSOCIAÇÃO PARA O PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO DA ARTE E DA CULTURA

Coordenação Geral: Jose Edson Botelho

Coordenação de Produção: Erlon José Paschoal

Produção executiva : Ismael Guimarães

Assistente de produção: Carla Forcinetti

Curadoria: Ivad Granato

TEATRO NOH

Data: 04/07 – Sexta-feira http://www.funarte.gov.br/novafunarte/funarte/espacos/teatrosfuna.php

Local: Teatro Funarte Plinio Marcos (Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, lote 2)

Horário: 21h00

Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00

Informações: (61) 3322-2032

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