SALVADOR DALÍ – ESCULTURAS
SURREALISMO TRIDIMENSIONAL
Exposição inédita no Brasil apresenta as lendárias esculturas da Coleção Clot
*Segundo críticos e estudiosos, as obras fazem parte dos únicos temas que se pode realmente considerar esculturas originais do artista
*26 peças de pequenas e monumentais dimensões
O artista mais visitado em exposições no Centro Georges Pompidou, de Paris (790 mil pessoas em 2012), e no Centro Rainha Sofia, de Madri (730 mil pessoas, em 2013). Um gênio indiscutível da arte ocidental. Um gênio da autopromoção. A arte de Salvador Dalí é indissociável da pessoa de Salvador Dalí. Este, que foi um dos maiores artistas de todos os tempos, ícone da cultura do século XX, representante máximo do surrealismo (que ele levou a uma projeção global) passeou por várias linguagens artísticas com imensa liberdade e criatividade. Agora, os brasilienses poderão conhecer, em primeira mão no Brasil, a exposição SALVADOR DALÍ – ESCULTURAS, que mostra o talento do mestre catalão na arte de modelar. A exposição abre as portas para o público no dia 16 de abril e pode ser visitada até 15 de junho, na Galeria Vitrine da Caixa Cultural Brasília.
SALVADOR DALÍ – ESCULTURAS – SURREALISMO TRIDIMENSIONAL reúne 26 esculturas, das quais 24 foram modeladas em cera pelo próprio Salvador Dalí, no período entre 1970 e 1981. Depois, as peças foram feitas em bronze com a técnica de fundição por cera perdida e passaram a ser conhecidas como Coleção Clot. No total, a Coleção inclui 44 esculturas. Está na exposição de Brasília uma seleção de 26 esculturas de bronze de variadas dimensões – três delas monumentais, com até três metros –, escolhidas a partir da curadoria de Francisco Lara Mora.
Segundo o curador, a exposição oferece oportunidade rara de conhecer o perfil do Dalí escultor, que ficou obscurecido pela fama do Dalí pintor. Diz Francisco Lara Mora: “O panorama criado pelas esculturas selecionadas para esta exposição nos permite perceber como este artista único e controvertido, prolífico e visionário foi capaz de gerar uma arte perturbadora que atrai os espectadores. Uma arte que explora e expande os limites da consciência e da experiência sensorial e cognitiva, representando imagens inspiradas na história, na iconografia religiosa, na mitologia clássica e, por que não, no fecundo universo daliniano”.
As esculturas têm temas variados, que vão da mitologia clássica (Ícaro, Mercúrio, Apolo…) à iconografia cristã (Cristo de São João da Cruz, São Sebastião, São João Batista, São Narciso das Moscas, São Jorge). Há também peças cuja temática se espalha por toda a obra de Dalí (Gala, Dom Quixote, Trajano, Cavalo) e temáticas novas, nas quais o artista obtém, a partir do surrealismo, um resultado simbólico importante (Tripas e Cabeça, Broche de Okinawa, Elefante Cósmico).
ESTILO DALÍ DE ESCULPIR
“O mínimo que se pode pedir a uma
escultura é que ela não se mexa”
Salvador Dalí
Curiosa é a própria história da concepção da Coleção Clot. Segundo contou o escritor e produtor de cinema Roberto Descharnes, no livro Dalí Sculptures & Objects, publicado em 2004, Salvador Dalí modelou pessoalmente todas as esculturas que integram a coleção. Durante o verão, em sua casa em Port Lligat, na Catalunha, ele aproveitava o horário do almoço para ir para o sol e, com a cera amolecida pelo calor, esculpia as obras-primas que integram a exposição.
Devido ao fato de terem sido criadas pelas próprias mãos do artista, estas esculturas são consideradas por nomes como Albert Reynolds Morse, colecionador de arte, empresário e filantropo (fundador do Museu Salvador Dalí em São Petesburgo, Flórida-USA), como “o único grupo de esculturas que deve ser correta e honestamente descrito como Esculturas originais de Salvador Dalí”.
A Coleção Clot ganhou seu nome quando, em 1973, Dalí conheceu o dono de uma galeria de Madri, Isidro Clot, que resolveu reunir as peças que Dalí tinha começado a modelar em cera. Como primeira parcela do pagamento, Dalí recebeu um quadro de Goya pelo qual havia se apaixonado. Durante todos os anos subsequentes, até 1981, o colecionador e empresário recebeu as esculturas feitas em cera. O artista só deixou de modelar em cera após a morte de sua amada esposa Gala, em 1982. Dizia Isidro Clot: “Todas elas têm as digitais de Dalí.” A coleção que veio a ser conhecida como “Esculturas de Dalí-Coleção Clot” foi exposta pela primeira vez em Madri, em dezembro de 1986, dois anos antes da morte do artista.
O GÊNIO SALVADOR DALÍ
Salvador Felipe Jacinto Dalí i Domènech nasceu e morreu em Figueras (11 de maio de 1904 – 23 de janeiro de 1989), na Catalunha. O principal expoente do Surrealismo, desde pequeno interessou-se pelas artes plásticas. Aos 17 anos, entrou para Escola de Belas Artes de São Fernando em Madri, mas foi expulso cinco anos depois, quando afirmou que tinha mais conhecimento do que todos os seus professores juntos. Mas foi neste intervalo que o artista travou contato com a obra de Sigmund Freud, especialmente com o livro A interpretação dos sonhos (1900), que viria a ser marcante em toda sua vida e seu trabalho.
Durante o período em que viveu em Madri, tornou-se amigo íntimo do cineasta Luis Buñuel e do poeta e dramaturgo Federico Garcia Lorca. Fez duas parcerias antológicas com os dois: o filme O cão andaluz, 1928, com Buñuel, e o espetáculo Mariana Pineda, 1927, com Lorca (para o qual fez os cenários).
Em 1929, já em Paris, conhece Picasso, de quem se torna amigo, e toma contato com o grupo surrealista de André Breton. No mesmo ano, 1929, conhece Gala, emigrante russa dez anos mais velha e então casada com o poeta Paul Éluard. Os dois se apaixonam e a partir deste momento irão viver juntos até a morte desta, em 1982. Os dois viriam a se casar em 1934. A relação com Gala será responsável pelo rompimento de Dalí com seu pai, que o deserdou.
Durante a Segunda Guerra, de 1942 a 1948, Gala e Dalí se refugiam nos Estados Unidos. Após a experiência cinematográfica com Buñuel, Dalí colabora com duas lendas do cinema mundial. No mesmo ano de 1945, trabalha com Alfred Hitchcock no filme Spellbound, e com Walt Disney na animação Destino. Em 1949, ele retorna à sua Catalunha natal, onde permanecerá até o fim de sua vida. Em sua cidade, Figueras, cria, em 1960, o Teatro-Museo Gala Salvador Dalí, reunindo grande parte de seu trabalho – hoje, o local detém, ao lado do Museu Salvador Dalí em São Petesburgo, Flórida-USA, as mais completas coleções da obra do artista.
Excêntrico, extravagante, polêmico, bizarro, Salvador Dalí dividiu sua vida entre a arte e o talento de ser ele mesmo uma obra de arte. Escreveu duas autobiografias, A Vida Secreta de Salvador Dalí (1942) e Diário de um Gênio (1964), nos quais demonstra grande talento para a escrita. Repetia frases de efeito como “Eu comecei a brincar com a ideia de ser um gênio e, brincando de ser um gênio, eu vim a sê-lo” ou “Sou muito inteligente para ser um bom pintor; para ser um bom pintor é preciso ser um pouco burro, com exceção de Velázquez. No dia em que Dalí fizer uma obra como a de Velázquez ou Vermeer, no dia seguinte estarei morto, por isso faço pinturas ruins”. Em 1982, morreu sua musa, Gala, e Dalí entrou num obscuro processo de depressão. Recusava-se a comer, a sair de casa, a trabalhar. Morreu em 1989, em sua casa, de parada cardíaca.
SERVIÇO
Abertura (para convidados): 15 de abril
Período de visitação: 16 de abril a 15 de junho de 2014
Horários: terça a domingo, das 9h às 21h
Local: CAIXA Cultural Brasília | Galeria Vitrine
SBS Quadra 4 Lotes 3/4, CEP 70092-900 – Brasília, DF
Contatos: 61 3206-9448 | 61 3206-9449
caixacultural.df@caixa.gov.br