Péter Forgács: Arquitetura da Memória
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL BRASÍLIA, DE 7 A 19 DE FEVEREIRO DE 2012
Retrospectiva do documentarista húngaro destaca a criação a partir de imagens de arquivo.
Evento exibirá pela primeira vez a obra do realizador reconhecido como inventor de um gênero cinematográfico.
Mostra trará ao Brasil, o cineasta Péter Forgács acompanhado do pesquisador e teórico do documentário Bill Nichols.
Imagens de arquivo, filmes de família, registros amadores do cotidiano de pessoas anônimas. A partir desta matéria prima, o cineasta húngaro Péter Forgács tem sido capaz de oferecer ao homem contemporâneo ferramentas diferenciadas para uma leitura mais humanizada do mundo. Pouco conhecido no Brasil, o artista ganha agora a primeira retrospectiva de sua obra no País. É PÉTER FORGÁCS: ARQUITETURA DA MEMÓRIA, realização do Centro Cultural Banco do Brasil, que em Brasília poderá ser conferida de 7 a 19 de fevereiro de 2012.
Péter Forgács é celebrado internacionalmente pela criativa utilização de imagens de arquivo, dos chamados home movies (filmes de família) e de registros amadores de meados do século 20. Seus mais de 30 filmes já conquistaram prêmios em alguns dos principais festivais internacionais. Artista multimídia, o trabalho de Forgács também visita outros campos da expressão artística: em 2009, ele representou a Hungria na Bienal de Veneza, com a instalação Col Tempo – The W. Project.
O cineasta e artista tem sido reconhecido como inventor de um gênero cinematográfico que, a partir de material de arquivo, converte a vida de pessoas comuns em relatos plenos de fascínio. As obras de Forgács humanizam as vítimas do Holocausto, por exemplo, apresentado-as como pessoas comuns, com prazeres, paixões e desejos. O realizador devolve a dignidade humana a estas pessoas que tiveram sua existência atravessada pela fatalidade.
A retrospectiva inédita de sua obra exibirá 17 filmes e acontecerá nas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil nas cidades do Rio de Janeiro (31/01 a 12/02), Brasília (7 a 19/02) e São Paulo (15 a 26/02), contando com a presença do cineasta. Na programação, alguns dos mais importantes títulos desse autor, premiado nos festivais de São Francisco, Marselha, Lisboa, Berlim, entre outros. Oportunidade raríssima para conhecer a obra de Forgács, que, no Brasil, só foi parcialmente exibida no festival de documentários É Tudo Verdade.
O cineasta participará de debate, marcado para começar às 19h do dia 19 de fevereiro. A presença de Forgács será via Skype. No Cinema do CCBB estarão, ao vivo, o pesquisador Bill Nichols, especialista na obra do diretor, a curadora Patrícia Rebello e o organizador da mostra Rafael Sampaio. A entrada é franca, mediante a retirada de senhas na bilheteria.
A MOSTRA
A obra de Péter Forgács é composta por mais de 30 filmes, realizados a partir de 1978, com destaque para a série “Private Hungary”, feita a partir de filmes caseiros e found footages (“filmes perdidos”) realizados no período que compreende as décadas de 1920 e 1980. Entre os quinze filmes que compõem esta série estão “The Bartos Family” (1988), a saga de uma família dizimada pelo Holocausto, registrada em filmes caseiros que começam no final dos anos 1920 e se estendem até meados da década de 1960; “Free Fall” (1996), reflexão dos tempos pré-Shoah (pré-Holocausto), a partir dos filmes de família de um talentoso comerciante, músico e fotógrafo, György Petö, desaparecido depois de ser preso em 1944; e “Miss Universo 1929” (2006), com a trajetória da primeira Miss Universo da história, a húngara Lisl Goldarbeiter, profusamente filmada pelo primo, Marci Tenczer. Os filmes apresentam uma jornada incomum na trajetória dos europeus em migração em meados do século 20.
Além das obras criadas a partir da compilação de material de família, um outro aspecto do trabalho de Forgács gira em torno de filmes amadores realizados por personagens que, de alguma maneira, intuíram a urgência de registrar o tempo em que viveram. É possível ler nestas imagens intenções, dúvidas, suspeitas, rumores. E acima de tudo, que tão importante quanto a imagem em si, é todo o contexto que fica fora dela, mas que necessariamente surge num relâmpago, para então desaparecer deixando a marca indelével de sua presença. Entre esses filmes, destacam-se “El Perro Negro: Stories from the Spanish Civil War” (2005, vencedor nos festivais de Budapeste, Denver e no Tribeca de Nova York), “Angelos’ Film” (1999), sobre a ocupação nazista na Grécia; e “The Danube Exodus” (1998), com registros da migração de judeus para a Palestina antes da Segunda Guerra Mundial.
Já “Hunky Blues – The American Dream” (2009) é um documentário poético sobre as centenas de milhares de húngaros que imigraram aos Estados Unidos entre 1890 e 1921. Para contar esta saga, Forgács lança mão de antigos épicos do cinema norte-americano, materiais de arquivo, fotografias e entrevistas.
Uma das maiores autoridades no campo do documentário e autor de “Introdução ao documentário” (Papirus Editora, 2007) e “Representing Realities” (1991, livro reconhecido como uma das pioneiras metodologias do estudo do filme documentário), o professor e pesquisador norte-americano Bill Nichols acompanha Forgács e a curadora do ciclo, Patricia Rebello, em encontros com o público previstos na programação. Nichols desenvolve uma pesquisa sobre o diálogo entre documentário e ficção e lançou em dezembro de 2011, junto com Michael Renov, uma antologia de ensaios sobre o Forgács, intitulada The Cinema’s Alchemist, ainda não traduzida no Brasil.
Para Patricia, os filmes do cineasta “nos ensinam que o mundo nos mostra apenas figuras e que é no processo de destruição destas imagens que as inúmeras verdades da história dos homens revelam sua face gloriosa”. A organização do evento é da Klaxon Cultura Audiovisual e da Associação do Audiovisual.
PROGRAMAÇÃO
Terça, dia 7.02
19h – TRACTATUS DE WITTGEINSTEIN (35 min) + A FAMILIA BARTOS (61 min)
21h – HUNKY BLUES – O SONHO AMERICANO (100 min)
Quarta, dia 8.02
19h – A TERRA DO NADA (62 min)
20h30 – A SÓS COM A MORTE (118 min)
Quinta, dia 9.02
16h – EU SOU VON HÖFLER (PARTE 1) (80 min) + EU SOU VON HÖFLER (PARTE 2) (80 min)
19h – MÁRAI HERBAL (35 min) + DUSI & JENÓ (45 min)
21h – EL PERRO NEGRO – HISTÓRIAS DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA (84 min)
Sexta, dia 10.02
17h30 – MISS UNIVERSE 1929 (70 min)
19h30 – UM LEITOR DE BIBÓ (69 min)
21h – O ÊXODO DO DANÚBIO (60 min)
Sábado, dia 11.02
17h30 – O FILME DE ANGELO (60 min)
19h – QUEDA LIVRE (75 min)
21h – O TURBILHÃO – UMA CRÔNICA FAMILIAR (60 min)
Domingo, dia 12.02
17h30 – MÁRAI HERBAL (35 min) + DUSI & JENÓ (45 min)
19h30 – UM LEITOR DE BIBÓ (69 min)
21h – ENQUANTO ISSO EM ALGUM LUGAR…1940-1943 (52 min)
Terça, dia 14.02
19h – DEBATE via skype com Péter Forgács e presença, no CCBB, de Bill Nichols, com mediação de Patrícia Rebello (curadora) e Rafael Sampaio (organizador)
21h30 – MISS UNIVERSE 1929 (70 min)
Quarta, dia 15.02
19h – HUNKY BLUES – O SONHO AMERICANO (100 min)
21h – EL PERRO NEGRO – HISTÓRIAS DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA (2005 – 84 min – digibeta NTSC)
Quinta, dia 16.02
17h – A TERRA DO NADA (62 min)
19h – ENQUANTO ISSO EM ALGUM LUGAR…1940-1943 (52 min)
20h30 – A SÓS COM A MORTE (118 min)
Sexta, dia 17.02
17h – EU SOU VON HÖFLER (PARTE 1) (80 min) + EU SOU VON HÖFLER (PARTE 2) (80 min)
20h30 – E/OU (43 min)
Sábado, dia 18.02
17h – QUEDA LIVRE (75 min)
19h – TRACTATUS DE WITTGEINSTEIN (35 min) + A FAMILIA BARTOS (61 min)
21h – FILME DE ANGELO (60 min)
Domingo, dia 19.02
17h30 – O ÊXODO DO DANÚBIO (60 min)
19h – E/OU (43 min)
20h30 – O TURBILHÃO – UMA CRÔNICA FAMILIAR (60 min)
SINOPSES
A Família Bartos – Hungria Particular 1
1988 – 61 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Beta SP
Primeiro episódio da série Hungria Particular conta a saga da família Bartos, registrada em mais de cinco horas de filmes de 9,5mm rodados do final dos anos 1920 a meados dos anos 1960 por um talentoso cineasta, compositor e madeireiro amador, Zoltán Bartos. Em 1944, o “governo colaboracionista” saqueou a família Bartos, parcialmente judia. Após o período nazista, tendo sobrevivido à guerra numa unidade de trabalho forçado, Zoltán se divorciou e casou-se novamente. Mais tarde, os comunistas atormentaram mais uma vez sua vida; em 1949, sua fábrica foi nacionalizada, e de novo ele perdeu tudo, com exceção do bom humor.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
A Sós Com a Morte
2007 – 118 minutos – HDVCAM e DIGIBETA – Hungria
Exibição em Digibeta
Filme de ficção baseado no livro homônimo de Péter Nádas. A percepção sensorial de uma jornada, de alguém olhando de dentro pra fora. A história gira em torno do dia de um ataque cardíaco, entre os limites de vida e morte.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
A Terra do Nada – Hungria Particular 9
1996 – 62 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Beta SP
Com a visão histórica particular, um diário filmado muitas vezes contradiz a versão “oficial” contada pela “história pública”, e oferece um aspecto radicalmente diferente, emblemático ou mesmo banal dos fatos. São raras as oportunidades em que podemos contemplar o não-visto, como nesta crônica sobre a Segunda Guerra Mundial, através do diário de László Rátz, que nunca foi concebido para ser publicado.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Dusi & Jenö – Hungria Particular 2
1988 – 45 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Beta SP
Jenö, que poderia ter sido o melhor fotógrafo do seu tempo – se não tivesse trabalhado até 1945 como funcionário sênior do Banco de Créditos General Mortgage –, filmou com uma câmera 8mm um diário secreto entre 1936 e 1966. Sua esposa Dusi não gostava tanto das filmagens quanto de seu daschhund: ela adorava o cachorro como se fosse seu próprio filho. Embora os protagonistas sejam Dusi e Jenö, é a própria cidade que tem um papel central na história do filme, fotografada com precisão sensual, mesmo em estado de sítio. É um filme poético que evoca uma impressionate atmosfera fúnebre do evanescente estilo de vida da classe média húngara dos anos 1930.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE
El Perro Negro – Histórias da Guerra Civil Espanhola
2005 – 84 minutos – Vídeo – Holanda
Exibição em Digibeta
El Perro Negro rompe os clichês em torno da Guerra Civil Espanhola por meio de uma colagem fascinante de imagens de acervo. O século 20 testemunhou uma vitalidade sem precedentes do espírito espanhol, mas também um forte e imprevisível conflito entre o velho e o novo, entre o norte desenvolvido e o sul feudal. O que levou o anarquista “Pedro el Cruel” a matar o cineasta Joan Salvans e seu pai? E por que o exército espanhol se rebelou contra a República em 1936? Ao buscar essas respostas, viajamos por esta caótica década na Espanha através de imagens e histórias de vários cineastas amadores e suas memórias, sob as perspectivas de republicanos, anarquistas, comunistas e de estrangeiros britânicos, alemães, italianos e americanos que lutaram em ambos os lados.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Enquanto isso em algum lugar… 1940-1943 – Da série Uma Guerra Desconhecida 5/3
1994 – 52 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Beta SP
Cenas íntimas, brutais, alegres, raras ou clandestinas de diversos filmes de família europeus são intercalados por um filme de ritual nazista, que registra uma punição à miscigenação de dois jovens namorados, um garoto alemão de 18 anos de idade, Georg-Gerhard, e uma garota polonesa de 17 anos, Marie, no vilarejo ocupado de Scinawa Nyska, na Polônia, em 1940. Como em uma composição poética, esse registro da punição, que consistia em uma humilhante raspagem da cabeça em público, serve como tema principal, sendo intercalado por mosaicos de imagens sugestivas das histórias de diversas famílias. O sádico ritual pretendia servir como uma lição performática do Nacionalismo Socialista para as crianças do vilarejo polaco-germânico.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
E/Ou – Hungria Particular 3
1989 – 43 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Beta SP
Sensual e inconsciente. Essas talvez sejam as melhores palavras para caracterizar esta obra, que pode ser definida como um “neo-ato falho freudiano” cinematográfico. Famílias burguesas da Hungria encontram proteção contra o horror do comunismo em suas esferas particulares; e o antigo drama humano, as depedências amorosas abafadas, os relacionamentos velados são captados pelos olhos dos espectadores. Na vida privada, tudo permanece igual quando os atores espontâneos não se dão conta do que estão atravessando.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Eu sou Von Höfler – Variação de Werther – Hungria Paricular 15
2008 – 160 minutos – DigiBeta – Hungria
Exibição em Beta SP
O processo de confecção de um filme, como de um painel, sobre a saga de 250 anos da família húngara von Höfler nos permite reviver a história. Qual seria o significante da narrativa? Trata-se de um lampejo, que não chega a ser notícia nem história oficial. E o que o olhar sobre o passado do protagonista, Tibor Höfler, projetou em seu futuro?
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Hunky Blues – O Sonho Americano
2009 – 100 minutos – HD – Hungria
Exibição em Digibeta
Documentário poético que explora o destino de milhares de húngaros que imigraram para os Estados Unidos entre 1890 e 1921. Forgács teceu este grande épico a partir de filmes dos primórdios do cinema americano, imagens de acervo, fotografias e entrevistas. O filme revela os difíceis momentos da chegada, a integração e a assimilação, que eventualmente resultaram na felicidade de gerações posteriores e na realização do sonho americano.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Márai Herbal – Série interlúdio de FMS
1992 – 35 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Digibeta
A partir de fragmentos da obra do escritor e jornalista húngaro Sándor Márai (1900-1989), Péter Forgács tece sete ensaios em vídeo onde as sutilezas da memória e a crônica do cotidiano ganham leitura renovada a partir de um diálogo com filmes de família encontrados em arquivos perdidos.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE
Miss Universo 1929 – Lisl Goldarbeiter – uma Rainha em Viena
2006 – 70 minutos – Vídeo – Áustria, Hungria e Holanda
Exibição em Digibeta
O primo de Lisl Goldarbeiter, o cineasta amador Marci Tenczer, veio de Szeged. Ele estudou em Viena, e durante um tempo poupou o dinheiro do bonde para comprar câmera e filme e praticar, ocasionalmente, sua paixão pelo cinema. Através de suas lentes nos chega essa história doce e amarga da vida austro-húngara do século 20. Os anos dourados tiveram fim quando a Alemanha de Hitler anexou a Áustria. Eles perderam tudo na Guerra, mas a aventura de sofrimento e de vida continuou…
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: LIVRE
O Filme de Angelo
1999 – 60 minutos – Vídeo – Holanda
Exibição em Beta SP
A história de um homem grego nos tempos da Segunda Guerra Mundial, em Atenas. Nos primeiros dias da ocupação nazista, Angelos Papanastassiou, o homem por trás da câmera, resolveu registrar e documentar o sofrimento de sua terra, a Grécia. Utilizando clandestinamente uma câmera 16mm, arriscando diariamente a sua vida e de sua família, ele filmou e documentou as atrocidades nazistas em Atenas durante toda a ocupação Ítalo-Germânica. Este filme foi composto a partir de um inigualável diário filmado durante os tempos de guerra em Atenas, oferecendo um novo olhar para o passado da Grécia, com música de Tibor Szemzö.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
O Êxodo do Danúbio
1998 – 60 minutos – Vídeo – Holanda e Hungria
Exibição em Beta SP
Neste diário de viagem, Péter Forgács registra o êxodo dos judeus da Eslováquia pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial. Em dois barcos, um grupo de 900 judeus eslovacos e austríacos tenta alcançar o Mar Negro pelo rio Danúbio, e de lá seguir para a Palestina. Como base para este documentário, Forgács utilizou os filmes amadores de Nándor Andrásovits, capitão de um dos barcos.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
O Turbilhão – Uma Crônica Familiar
1997 – 60 minutos – Vídeo – Holanda
Exibição em Beta SP
O filme faz um extraordinário e engenhoso uso de um acervo secreto de filmes de família, dos Peereboom, relizados na Holanda antes e durante a Segunda Guerra Mundial. As legendas situam os fatos e em lugar de uma narração, sons da época, em sua grande maioria emissões de rádio, atravessam de maneira pertubadora a trilha de jazz composta por Tibor Szemzö. O que vemos é uma família judia que, num primeiro momento, vive desavisadamente à sombra do Holocausto e, depois, tenta lidar com a situação, ainda sem saber o que ela de fato significa.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Queda Livre – Hungria Particular 10
1996 – 75 minutos – Vídeo – Holanda
Exibição em Beta SP
Queda Livre reflete os tempos antes do Shoah – o capítulo mais negro da Hungria do século 20 – com base em filmes de família do talentoso músico, fotógrafo e empresário György Petö, que filmou em 8mm a partir de 1938. Acompanhamos sua história descobrindo o que há por trás da sua felicidade, como ele suprimiu os sinais aterrorizantes e as evidências ameaçadoras dos massacres que estavam por vir.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 ANOS
Tractatus de Wittgenstein – 7 parágrafos em vídeo
1992 – 35 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em Digibeta
Sete ensaios de curta-metragem sobre o Tratado Lógico-Filosófico de Wittgenstein; cada um dos ensaios está relacionado a uma das proposições do filósofo. Filmes caseiros da Europa no início do século 20 são acompanhados por narrações e textos do Tractatus, e por uma trilha sonora sombria e lírica. Cenas da vida burguesa são assombradas por presságios do futuro. Iluminando a disjunção entre linguagem e imagem, Péter Forgács criou uma abordagem simbólica das teorias de Wittgenstein sobre lógica, linguagem, realidade e representação.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
Um Leitor de Bibó – Hungria Particular 13
2001 – 69 minutos – Vídeo – Hungria
Exibição em 35mm
Um Leitor de Bibó nos aproxima das conclusões eternas e cristalinas do maior pensador político húngaro do século 20. István Bibó, filósofo e ministro durante a Revolução Húngara de 1956, foi sentenciado à prisão perpétua, mas anistiado e posto em liberdade logo depois. Ele jamais abriu mão de sua fé na liberdade. As sensíveis interpretações das análises sociais e históricas de Bibó e os textos meditativos dão ritmo a essa visão cinematográfica ímpar a cada capítulo, oferecendo ao espectador uma experiência audiovisual especial e profunda.
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 10 ANOS
PÉTER FORGÁCS: ARQUITETURA DA MEMÓRIA
Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Data: 7 a 19 de fevereiro de 2012
Horários:
Ingressos:Informações: (61) 3108.7630
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O cinema de Forgács
Patrícia Rebello, curadora
O discurso praticado pelo diretor desponta como uma das principais narrativas do documentário contemporâneo. O fato de nos definirmos a partir das imagens colocadas em circulação exige cada vez mais que nos tornemos aptos a entrar em diálogo com estas mesmas imagens e não se deixar seduzir pelo seu pseudo-poder de informação. Ao lado de nomes como Agnès Varda, Wim Wenders, Harum Farocki, Jonas Mekas, Errol Morris, Chantal Akerman, Alexander Kluge e Jean-Luc Godard, Forgács é um realizador que se concentra na exploração da natureza da verdade, na forma como é enunciada, percebida e, ainda mais importante, como é forjada. Desafiando a crença de que a uma imagem corresponde uma idéia, os filmes de Forgács nos ensinam que o mundo nos mostra apenas figuras e que é no processo de destruição destas imagens que as inúmeras verdades da história dos homens revelam sua face gloriosa.
A produção brasileira de documentário também vem apresentando um crescente número de trabalhos enviesados pelo cruzamento com outros campos. O tipo de documentário realizado por Péter Forgács encontra ressonância em produções de realizadores como Kiko Goifman, Cao Guimarães, Joel Pizzini, Carlos Nader, Cezar Migliorin, Karim Aïnouz, João Moreira Salles, Julia Murat e Sandra Kogut, entre outros. A presença dos filmes de Forgács no país pode ser uma maneira de colocar em discurso esse formato de audiovisual, bem como de produzir um diálogo com a produção nacional.