Odete Lara, Atriz de Cinema

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL BRASÍLIA – DE 17 A 29 DE MAIO DE 2011

Mostra exibe os principais longas protagonizados por uma das musas do cinema brasileiro

A trajetória da atriz é apresentada em 16 filmes, alguns deles raríssimos nas telas.

Musa do cinema brasileiro, várias vezes chamada de “A Deusa Loura”, a atriz Odete Lara inspirou muitos realizadores ao longo de seus mais de 20 anos de carreira. Dona de uma beleza ímpar e de um corpo escultural, a atriz sempre teve um talento múltiplo, que a levou a transitar, com liberdade, pelo teatro, pela televisão, pelo cinema, pela música e, mais recentemente, pela literatura. Odete é uma artista completa. Mas uma mostra realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília vai se concentrar na trajetória cinematográfica da atriz, oferecendo a possibilidade de o espectador assistir a verdadeiras raridades, como Em Família, de Paulo Porto (Brasil, 1972). Acontece, de 17 a 29 de maio de 2011, no CCBB, a mostra ODETE LARA, ATRIZ DE CINEMA.  A entrada é franca.

Durante duas semanas, com curadoria de João Juarez, serão exibidos os principais longas-metragens que contam com a participação da atriz. No total, estão 16 filmes, assinados por alguns dos maiores diretores do cinema brasileiro, como Glauber Rocha, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos e Bruno Barreto. Títulos como Câncer, uma experiência cinematográfica radical de Glauber, e Boca de Ouro, transposição de Nelson Pereira dos Santos da obra de Nelson Rodrigues, dão a medida do talento e da versatilidade de Odete Lara. E a programação inclui ainda A Rainha Diaba, de Antonio Carlos Fontoura, com a atriz numa de suas interpretações mais consagradas – Odete conta que se inspirou na cantora Maysa para compor a personagem.

A mostra abre com Absolutamente Certo, que marca a estréia do galã Anselmo Duarte na direção em 1957, mesmo ano em que Odete Lara estreou no cinema. No dia 26 de maio, às 21h, um debate reunirá o curador, João Juarez, e o cineasta Antonio Carlos Fontoura, ex-marido de Odete Lara e diretor de dois dos filmes da mostra.

UM TALENTO MÚLTIPLO

Odete Lara, nascida Odete Righi Bertoluzzi, nasceu no bairro da Bela Vista, São Paulo, em 1929. Teve a infância repleta de dificuldades. Sua mãe cometeu o suicídio quando ela tinha apenas seis anos de idade. Odete foi matriculada num orfanato de freiras. Tempos depois, precisou afastar-se também do pai, que sofria de tuberculose e acabou também se suicidando quando Odete tinha 18 anos. Cedo ela precisou começas a trabalhar, exercendo as funções de secretária e datilógrafa.

Incentivada por uma amiga, Odete fez um curso de modelo no Museu de Arte Moderna de São Paulo e participou do primeiro desfile da história da moda brasileira, realizado no MASP. Sua beleza chamou a atenção de Pietro Maria Bardi, fundador e diretor do MASP, que a indicou para a então recém-inaugurada TV-Tupi. Odete começou como garota-propaganda, mas logo depois foi chamada a participar de uma versão televisiva de Luz de Gás, com Tônia Carrero e Paulo Autran. Fez aindaBranca Neve e os sete anões, no papel da Rainha Má.

A partir daí sua carreira deslanchou. Na TV, participou de novelas de sucesso como As bruxasA volta de Beto Rockefeller e Em busca da felicidade. No teatro, foi contratada pelo mais importante grupo teatral em atividade no país, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e estreou na peça Santa Marta Fabril S/A dirigida pelo grande Adolfo Celi. E logo chegou também o cinema e a musica – ao lado de Vinícius de Moraes, esteou como cantora no show Skindô, registrado em disco e trabalharia ainda com Sérgio Mendes, Chico Buarque e Sidnei Miller. Colaborou ainda na imprensa alternativa na década de 1970.

Odete Lara estreou no cinema em 1956 ao lado de Mazzaropi em O Gato de Madame. Seguiram-se outros 31 filmes. A atriz trabalhou em obras que se tornaram clássicos e foi dirigida pelos maiores nomes do cinema brasileiro, entre eles, Glauber Rocha, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Bruno Barreto, Antonio Carlos Fontoura, Walter Hugo Khoury, Carlos Hugo Cristensen, Carlos Manga, Alberto Salvá e David Neves. Ela se tornou a musa maior do Cinema Novo.

Foram desde produções populares e sucessos de bilheteria a obras sofisticadas e exigentes, de títulos assinados pelos maiores cineastas brasileiros a obras de autores menos conhecidos. Em todos os filmes que participou, a atriz deixou a marca de mulher bonita de corpo perfeito firmando-se como uma das mais talentosas atrizes do cinema brasileiro.

Depois de atuar em O Princípio do Prazer, de Luiz Carlos Lacerda em 1978, a atriz resolveu abandonar a profissão e, aos quase 50 anos de idade, refugiou-se num sítio da serra fluminense onde se dedica a escrever e traduzir obras budistas. Publicou três livros autobiográficos,Eu nuaMinha jornada interior e Meus passos na busca da paz. Raramente Odete Lara deixa o seu refúgio, costuma apenas participar de palestras, cursos e encontros budistas e esporadicamente viaja para o exterior para retiros e prática de meditação, sempre a serviço do budismo.

PROGRAMAÇÃO

17 de maio, terça-feira
17h00: Absolutamente Certo (95’)
19h00: Moral em Concordata (95’)
21h00: Bonitinha, mas Ordinária (101’)

18 de maio, quarta-feira
17h00: Sábado a Noite, Cinema (103’)
19h00: O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (95’)
21h00: Câncer (86’)

19 de maio, quinta-feira
17h00: Um Filme 100% Brazileiro (83’)
19h00: Em Família (100’)
21h00: A Estrela Sobe (105’)

20 de maio, sexta-feira
17h00: O Gato de Madame (90’)
19h00: Boca de Ouro (103’)
21h00: Copacabana me Engana (93’)

21 de maio, sábado
17h00: Bonitinha, mas Ordinária (101’)
19h00: O Princípio do Prazer (90’)
21h00: A Rainha Diaba (100’)

22 de maio, domingo
17h00: Copacabana me Engana (93’)
19h00: Noite Vazia (93’)
21h00: Moral em Concordata (95’)

24 de maio, terça-feira
17h00: Sábado a Noite, Cinema (103’)
19h00: A Estrela Sobe (105’)
21h00: Um Filme 100% Brazileiro (83)

25 de maio, quarta-feira
17h00: O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (95’)
19h00: O Gato de Madame (90’)
21h00: Noite Vazia (93’)

26 de maio, quinta-feira
17h00: A Rainha Diaba (100’)
19h00: Copacabana me Engana (93’)
21h00: Bate-papo com convidados

27 de maio, sexta-feira
17h00: Moral em Concordata (87’)
19h00: Absolutamente Certo (95’)
21h00: O Princípio do Prazer (90’)

28 de maio, sábado
17h00: Em Família (100’)
19h00: Um Filme 100% Brazileiro (83’)
21h00: Câncer (86’)

29 de maio, domingo
17h00: Boca de Ouro (103’)
19h00: A Estrela Sobe (105’)
21h00: O Gato de Madame (90’)

SINOPSES

A RAINHA DIABA, de Antonio Carlos Fontoura (Brasil, 1974).
Travesti chefe de uma quadrilha de traficantes de drogas da Lapa, Rio de Janeiro, se envolve com jovem bandido que é sustentado por cantora de cabaré. Odete Lara se inspirou na cantora Maysa para compor seu personagem neste que é uma de suas mais elogiadas interpretações.

A ESTRELA SOBE, de Bruno Barreto (Brasil, 1974).
Veterana cantora de rádio (Betty Faria) relembra seu passado, inclusive uma relação amorosa que teve com uma colega de profissão (Odete Lara). Baseado no romance de Marques Rebelo, a interpretação de Odete Lara lhe rendeu vários prêmios na época.

ABSOLUTAMENTE CERTO, de Anselmo Duarte (Brasil, 1957).
Operário paulistano, dono de prodigiosa memória, decora todos os nomes de uma lista telefônica e participa de um programa de televisão. Mas uma quadrilha tenta atrapalhar seus planos. Elogiado primeiro filme de Anselmo Duarte e um dos quatro títulos em que Odete Lara atuou no ano em que estreou no cinema.

BOCA DE OURO, de Nelson Pereira dos Santos (Brasil, 1963).
Repórter tenta fazer o perfil de um famoso bicheiro carioca entrevistando sua ex-amante que fornece três versões diferentes da personalidade do contraventor. Bem sucedida adaptação da peça teatral homônima de Nelson Rodrigues com uma inesquecível Odete Lara como Guigui.

BONITINHA MAS ORDINÁRIA, de Billy Davies (Brasil, 1963).
Segunda adaptação para o cinema de uma peça de Nelson Rodrigues onde Odete Lara encarna a virtuosa personagem Ritinha, envolvida numa trama que reúne estupro e perversões: Maria Cecília, filha do patrão do noivo de Ritinha, é uma moça rica que fica obcecada ao ler num jornal a notícia de uma curra. Algumas fontes creditam a direção a Jece Valadão, produtor e ator da película

CÂNCER, de Glauber Rocha (Brasil, 1972).
Segundo Glauber Rocha, “Câncer não tem história. São três personagens dentro de uma ação violenta”. Envolvida com dois assaltantes (Hugo Carvana e Antonio Pitanga), Odete Lara faz a personagem feminina classe média desta experiência radical do cineasta baiano.

COPACABANA ME ENGANA, de Antonio Carlos Fontoura (Brasil, 1969).
Típico garotão do bairro carioca se envolve com a bela vizinha mais velha, amante de um senhor casado. Mas seu ajuizado irmão maior também se interessa pela moça. Elogiada estréia nos longas-metragens de Fontoura, com quem a atriz foi casada.

EM FAMÍLIA, de Paulo Porto (Brasil, 1972).
Casal de idosos é despejado e pede ajuda aos filhos. Odete Lara faz a bem sucedida Neli que, em crise com o marido rico, não tem como ajudar. Título pouco divulgado do cinema brasileiro, Em Família envolve nomes de destaque em sua produção sendo o longa de estréia do ator e produtor Paulo Porto na direção.

MORAL EM CONCORDATA, de Fernando de Barros (Brasil, 1959).
Jovem pobre (Odete Lara) é abandonada pelo marido violento e procura ajuda da irmã que tem uma vida luxuosa sustentada pelo amante rico. Adaptação da peça de Abílio Pereira de Almeida onde Odete repete o papel que fez no teatro.

NOITE VAZIA, de Walter Hugo Khoury (Brasil, 1964).
Dois amigos contratam dupla de prostitutas para passar a noite, mas o encontro acaba revelando as frustrações e angústias de cada um. Clássico do cinema brasileiro que conta com interpretação memorável de Odete Lara e Norma Bengell, Noite Vazia representou o país no Festival de Cannes.

O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO, de Glauber Rocha (Brasil-França-Alemanha, 1969).
O pistoleiro Antonio das Mortes, de Deus e o Diabo na Terra do Sol, é contratado para matar o chefe de bando de cangaceiro que se diz a reencarnação de Lampião. Um dos pontos altos do filme é a interpretação de Odete Lara como a esposa adúltera de um coronel. Prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes.

O GATO DE MADAME, de Agostinho Martins Pereira (Brasil, 1956)
Engraxate se envolve com uma quadrilha ao encontrar um gato perdido cuja proprietária oferece uma gratificação a quem devolvê-lo. Veículo para divulgação do cômico popular paulista Mazzaropi, O Gato de Madame é o primeiro filme de Odete Lara.

O PRINCÍPIO DO PRAZER, de Luiz Carlos Lacerda (Brasil, 1979).
Em Paraty, na década de 30, rapaz vai trabalhar numa fazenda decadente onde moram quatro irmãos que escondem um segredo. Odete Lara vive a irmã mais velha em seu último papel no cinema. ApósO Princípio do Prazer, a atriz só voltaria às telas em participações especiais.

UM FILME 100% BRAZILEIRO, de José Sette (Brasil, 1986).
Recriação alegórica da viagem ao Brasil que o poeta francês Blaise Cendrars fez ao Brasil nos anos 20. Título pouco visto que conta com Odete Lara numa participação especial.

 

ODETE LARA, ATRIZ DE CINEMA

Data: 17 a 29 de maio de 2011
Local: Cinema do Centro Cultural do Banco do Brasil Brasília
Horários: 17h, 19h e 21h
Ingressos: Entrada franca
Informações: (61) 3310. 7087

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