O teatro visual

Projeto se propõe a investigar uma das vertentes precursoras do teatro contemporâneo

Evento vai trazer a Brasília encenadores como Antonio Araújo (do Teatro da Vertigem) e a atriz Vera Holtz

Sob o título TEATRO VISUAL: O QUE AINDA NÃO TÍNHAMOS VISTO?, o Ncleo de Pesquisa Resta Pouco a Dizer, criado pelos diretores Adriano e Fernando Guimarães, apresenta um ciclo de atividades artísticas e de formação que buscar&aacu te; investigar a vertente Teatro Visual como uma das precursoras do teatro contemporâneo. O projeto é resultante do edital FUNARTE/Brasília para ocupação do Teatro Plínio Marcos, e tem co-patrocínio do Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. O Ncleo ocupará o espaço até 18 de março, com performances, diálogos (palestras com convidados), espetáculos e oficinas. A estréia será com o espetác ulo Balanço, com Vera Holtz, no próximo dia 28 de janeiro, às 20h. Entrada franca.

O projeto contempla, ainda, um programa de intercâmbio com a companhia mineira de marionetes Pigmalião Escultura que Mexe, sediada em Belo Horizonte, que mostrará uma livre-adaptação de Esperando Godot, intitulada Bira e Bedé, que transpõe a obra-prima beckttiana para o universo de marionetes, em uma leitura lúdica. O grupo ministrará a oficina “A Composição da Marionete e a Construção do Movimento” e também conduzirá um diálogo sobre “A Visualidade no Teatro de Marionetes.

A abertura das atividades – com participação da atriz Vera Holtz em Balanço, texto de Samuel Beckett e direção de Adriano e Fernando Guimarães, no dia 28 de janeiro, às 20h – será seguida de palestra com o professor Fábio de Souza Andrade (USP-SP), tradutor de Samuel Becket t no Brasil. Todas as atividades acontecem no Teatro Plínio Marcos e têm entrada franca – exceção para a programação Resta pouco a dizer, que terá ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00.

Nos dias subsequentes, a programação contará com a participação de criadores das mais variadas expressões artísticas, como Antônio Araújo, fundador e diretor artístico do grupo de pesquisa Teatro da Vertigem, e docente da ECA-USP; Lílian Amaral, pesquisadora audiovisual, autora e professora da mesma Universidade; e Marília Panitz, crí ;tica e curadora de artes visuais e docente do Departamento de Artes Visuais da UnB. Os pesquisadores propõem discussões sobre as rápidas e contundentes transformações sofridas pela linguagem teatral ao longo do século XX, seus questionamentos, formas de resistência e múltiplas expressões, com ênfase nas premissas filosóficas e artísticas do chamado Teatro Visual.

Três oficinas gratuitas serão oferecidas ao público. A primeira delas objetiva pesquisar o lugar do intérprete na cena contemporânea através do estudo do caso beckettiano, em personagens fragmentados, desprovidos da unidade física e/ou intelectiva ou, como denomina o grupo de pesquisa, o sujeito menos; a segunda oficina partirá do estudo da dramaturgia que implode a aç ;ão e subverte os paradigmas que eram sustentáculos do teatro tradicional no Ocidente, por meio da peça Esperando Godot; e a terceira, ministrada pelo grupo mineiro Pigmalião Escultura que Mexe, explorará a ressignificação dos objetos cênicos, que são colocados a serviço de uma renovada (in)comunicabilidade cênica, com ênfase nas marionetes. As vagas são limitadas e haverá análise de currículo para cada oficina.

Mais informações: www.tea trovisualocupacaofunarte.wordpress.com

TEATRO VISUAL

Precursora da pluralidade do teatro contemporâneo, denominado “teatro pós-dramático”, pelo estudioso Hans-Thies Lehmann, ou teatro performativo, como prefere a pesquisadora Josette Féral, a vertente denominada Teatro Visual radicalizou no hibridismo por meio do qual os elementos da cena – figurinos, cenários, objetos, movimentos, gestos, corpos, sonoridades, cores, música, iluminaç ;ão – deslocam os sentidos possíveis da encenação. O texto dramático não domina sozinho a cena, ele se conjuga a outros elementos.

A experimentação e a visualidade proporcionam espécies de “paisagens em movimento”. Em consonância com estes e mais pressupostos desse teatro imagético e sensorial, Samuel Beckett transpõe a fronteira entre o dramático e o pós-dramático, em obras de sintaxe esfacelada; Os personagens dividem o protagonismo com luzes, sons e objetos que se revelam tão potentes qu anto eles, às vezes até submetendo-os.

Na realização dessas propostas, o Núcleo de Pesquisa Resta pouco a dizer empreende uma nova arqueologia da cena, arriscando-se em escavações que testam a densidade dos materiais e procedimentos cênicos e suas relações com o texto. Performances como Respiração Embolada, Respiração Mais e Respiração Menos sobrepõem composições sonoras, dramaturgias visuais, intérpretes em situação de risco e desconstruções, revelando a ousadia da dupla de criadores.

PROGRAMAÇÃO

Diálogos Peças e Performances Oficinas
28/01

O Conto cada vez pior: o mal visto, mal dito na cena Beckettiana, com Fábio de Souza Andrade (USP-SP), 20h30

28/01

Balanço, de Samuel Beckett com Vera Holtz, 20h

Direção: Adriano e Fernando Guimarães

1/02 a 03/03

Sujeito Menos: o intérprete na cena beckettiana” – terças e quintas-feiras, das 14h30 às 17h30.

29/01

A Encenação Performativa”, com Antônio Araújo (USP-SP)

21h30

29/01

Respiração menos, com Bruno Torres, Leandro Menezes e Diego de León, 21h

Concepção: Adriano e Fernando Guimarães

02/02 a 02/03

A Palavra e a Imagem: Análise e Leitura de Esperando Godot – segundas, quartas e sextas-feiras, das 14h30 a 17h30.

30/01

“Territórios em Trânsito”, com Lílian Amaral (USP-SP)

20h30

 

30/01

Ir e Vir, de Samuel Beckett com Camila Evangelista, Michelly Scanzi, Tati Ramos e Valéria Rocha, 20h

Direção: Adriano e Fernando Guimarães

10 a 17/03

A Composição da Marionete e a Construção do Movimento” – quinta e sexta, e de segunda a quinta-feira, 14h às 19h

31/01

“Suspensões, intervalos: os contornos de um diálogo contínuo”, com Marília Panitz (UnB-DF)

21h30

31/01

Respiração Mais, com Bruno Torres, Diego de Léon, Leandro Menezes e Mateus Ferrari, 21h

Concepção: Adriano e Fernando Guimarães

18/03

A Visualidade no Teatro de Marionetes”, com Eduardo Félix (Pigmalião Escultura que mexe – MG)

21h

12 e 13, 19 e 20, 26  e 27/02

Sábado 21h e domingo 20h

Resta pouco a dizer[Respiração Mais,CatástrofeAto sem Palavras IIJogo,Respiração I e II,Respiração Embolada] –

Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00

 

Catástrofe, de Samuel Beckett. Com Michelly Scanzi, Otávio Salas e Valéria Rocha .

 

Ato sem palavras II, de Samuel Becket t.Com Bruno Torres, Leandro Menezes e Mateus Ferrari.

 

Jogo, de Samuel Beckett. Com Camila E vangelista, Diego de León e Michelly Scanzi.

Direção de Adriano e Fernando Guimarães.

 

Respiração I e II eRespiração Embolada, performances de Adriano e Fernando Guimarães.

Com Bruno Torres, Camila Evangelista, Diego de León, Kaká Taciano, Leandro Menezes, Mateus Ferrari, Michelly Scanzi, Otávio Salas, Tati Ramos, Valéria Rocha.

12 e 13/03

Bira e Bedé, livre-adapta&cced il;ão deEsperando Godot, de Samuel Beckett.

Sessões às 16h e 18h.

Direção de Eduardo Félix.

Com Daniela Papini, Eduardo Felix, Gilberto Alves, Huberth Allan, Igor Godinho, Mariliz Schrickte e Taís Scaff.

* Peças e Performances que antecedem o Diálogo do dia respectivo.

Classificação indicativa: 16 anos

SINOPSES

Balanço (1979)

Um sutil foco de luz revela uma mulher sentada em uma cadeira de balanço. Uma voz é ouvida. As palavras acompanham sistematicamente o ritmo do balançar da cadeira. Com o tempo, nota-se uma sutil mudança na iluminação.

Catástrofe (1982)

Toques finais na ltima ceia. Um diretor, sua assistente, um ator e um iluminador ensaiam uma peça de teatro. O diretor rejeita constantemente as sugestões feitas por sua assistente e manipula o ator inerte.

Ato sem palavras 2 (1956)

Dois sacos em uma plataforma retangular fortemente iluminada. No primeiro saco está o personagem A que é lento, desajeitado e ausente. No segundo, o personagem B que é vigoroso, rápido e preciso. Os dois, cada um em sua hora e à sua maneira, saem dos sacos e cumprem uma rotina. Embora executem uma quantidade muito diferente de ações, os personagens têm que realizar suas tarefas durante o mesmo espaço de tempo.

Jogo (1962/3)

Três caixas no palco. Em cada caixa uma cabeça – um homem e duas mulheres. A peça apresenta, com humor, a história de um triângulo amoroso. Cada um dos personagens conta sua própria versão dos mesmos fatos. Um inquisidor foco de luz determina quem fala e quando. O texto é falado de maneira rápida.

Performances Respiração (+) (2002)

Dois grandes aquários cheios de água. Dois atores, cada um em um aquário. Um terceiro ator, com um cronômetro e uma campainha, comanda o jogo a ser iniciado. A campainha regula quanto tempo eles devem ficar imersos ou submersos. Quanto mais o tempo avança, mais difícil fica a respiração para quem está submerso.

Respiração (-) (2002)

Dois atores. Um deles está nu, dentro de um aquário de acrílico hermeticamente fechado. O outro, do lado de fora, lê um texto. Enquanto o tempo passa, a respiração do ator preso dentro da caixa vai embaçando as paredes do acrílico até que não seja possível ver o que há dentro da caixa.

Respiração I , II e Respiração Embolada (2002/2003)

As três performances são apresentadas separadamente, mas fazem parte do mesmo segmento. Em “Respiração I e II”, o jogo começa quando os atores mergulham suas cabeças em baldes com água. Eles devem permanecer o maior tempo possível sem respirar. Na última, “Respiração Embolada”, os atores estão em duas situações de difícil respiração: ou com as cabeças mergulhadas nos baldes ou respirando ao mesmo tempo em que cantam uma embolada. A regra é manter rigorosamente o ritmo da embolada a despe ito da capacidade respiratória de cada um.

Ir e Vir (1965)

A iluminação é suave e focada na área de atuação. Três personagens de idades indefinidas, Flor, Vi e Ru, estão sentadas uma ao lado da outra. Elas usam chapéus que projetam uma sombra sobre o rosto e trocam segredos.

DIÁLOGOS

Encontro com Pesquisadores da Arte Contemporânea

O Conto cada vez pior: o mal visto, mal dito na cena beckettiana”, com Fábio de Souza Andrade (USP-SP)

A obra final beckettiana promove uma confusão voluntária entre a página e o palco. Tanto Companhia e Mal visto, mal dito podem ser lidos como narrativas do drama da criação, enquanto Passadas e Improviso de Ohio se deixam encenar como miniaturas dramáticas narrativas. A complexidade e importância de Beckett como inventor de formas no teatro e na ficção devem muito a este embaralhamento de gêneros e convenções que, no drama, como na prosa final, se potencializa ao limite.

A Encenação Performativa”, com Antônio Araújo (USP-SP)

A relação entre encenação e performance na cena contemporânea, por meio de elementos como a autobiografia do encenador, a site especificidade, a recusa da unidade e da homogeneidade, o hibridismo e o estatuto do inacabamento e do work in progress< /I>, além da noção de encenação-em-processo e do dispositivo da colaboratividade na construção do discurso/forma da encenação.

“Territórios em Trânsito”, com Lílian Amaral (USP-SP)

A Interterritorialidade funda-se na concepção ampliada da Arte como Experiência. No trânsito pelas diferenças entre visualidade e visibilidade, passa-se do espaço ao lugar, opera-se uma distinção entre visualidade e visibilidade, entre recepção e percepção, entre comunicação e informação. Em todas essas diferenças se p roduzem metamorfoses do olhar.

“Suspensão, intervalos: os contornos de um diálogo contínuo”, com Marília Panitz (UnB-DF)

Algumas anotações sobre o trabalho desenvolvido por Adriano e Fernando Guimarães em torno da obra de Samuel Beckett do ponto de vista da opção estética assumida nas performances e na cenografia das peças, a partir de um elemento recorrente – a caixa-cubo, em suas diversas configurações. Uma visão do objeto como pontuação – suspensão, inter valo – trazida do universo beckettiano e introduzida na poética dos dois artistas.

A Construção do Movimento no Teatro de Marionetes”, com Eduardo Felix (Pigmalião Escultura que Mexe-MG)

O teatro de bonecos serve-se de todas as artes em sua complexa construção. A marionete entrega-se ao seu papel de forma integral e inabalável, com múltiplas possibilidades cênicas, plásticas, literárias e filosóficas. Por percorrer todos esses territórios, torna-se então um campo fértil para trans-criações e transposições de lingua gens, oferecendo possibilidades ilimitadas à cena contemporânea.

OFICINAS

Inscrições e informações: teatrovisual@gmail.com

Oficina I – Sujeito Menos: o Intérprete na Cena Beckettiana.

Panorama das transformações no palco ao longo do século XX. Os desafios do ator frente às novas dramaturgias cênicas. O ator-performer. Corpo e voz na cena beckettiana.

Ministrantes: Adriano Guimarães, Camila Evangelista, Diego de Leon, Michelly Scanzi e Valéria Rocha.

Nmero de vagas: 10 participantes.

Carga horária: 30 horas/aula.

Oficina II – A Palavra e a Imagem: Análise e Leitura de Esperando Godot.

Panorama das transformações no palco ao longo do século XX. A nova escritura cênica. A ruptura empreendida por Esperando Godot. Leitura Dramática da obra.

Ministrante: Fernando Guimarães.

Numero de vagas: 10 participantes e 05 ouvintes.

Carga horária: 40 horas/aula.

Oficina III – A Composição da Marionete e a Construção do Movimento.

Os procedimentos necessários à construção de uma marionete de fios e os princípios de manipulação. Cada participante construirá uma marionete.

Ministrante: Eduardo Felix

Numero de vagas: 10 participantes.

Carga horária: 30 horas/aula.

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