1º Encontro Flipiri de Ilustradores • Mesa 1

5ª FLIPIRI – FESTA LITERÁRIA DE PIRENÓPOLIS

I ENCONTRO FLIPIRI DE ILUSTRADORES – Mesa 1

Wittgenstein, Aristóteles, Nietzsche. A mesa de abertura do I ENCONTRO FLIPIRI DE ILUSTRADORES foi buscar nos filósofos reflexões sobre o papel da arte. Os ilustradores Roger Mello (homenageado da Festa Literária), Fernando Lopes (do Correio Braziliense) e Sophia Pinheiro (do Coletivo Fake Fake, de Goiânia) tiveram a missão de falar sobre Ilustração e as Diversas Mídias. Mas foram além: questionaram a própria definição de arte e sua divisão em gêneros.

Para Roger Mello, todo ilustrador é também autor e artista. De acordo com Mello, a ilustração é narrativa, é texto, ao mesmo tempo em que é arte, é criação, é livre. “A imagem é palavra. A filosofia e a arte dialogam. Elas trabalham nesse nível experimental, neste exercício livre do pensamento”, defendeu o escritor e ilustrador. “O bom da ilustração é ela ser fronteiriça”. Segundo Mello, a ilustração ainda é inclassificável para a academia: “para as artes, é considerada técnica demais; para o design, muito livre”, disse, arrancando risadas da plateia.

Presente ao debate, o ilustrador Jô Oliveira distinguiu: “O artista plástico tem um compromisso com ele mesmo. O ilustrador quer transmitir uma ideia, quer se comunicar”, afirmou. “Ilustrar é se comunicar”. Ao que Roger Mello replicou: “Mas a arte também foi narrativa até o início do século XX. A ruptura se deu quando a arte passou a refletir sobre questões da própria arte”, disse o autor, lembrando a arte rupestre, também narrativa. “Todos os gêneros são impuros e esta é a grandeza deles.” Jô Oliveira complementou: “A fotografia acabou com a pintura figurativa. Agora, o photoshop entra na seara da fotografia e a modifica. Esse é um caminho em constante mudança”.

Fernando Lopes apresentou diversos exemplos de trabalhos de sua autoria que seguem diferentes linguagens. Para ele, cada ilustração pede uma técnica, um conceito diferente e cabe ao ilustrador caminhar por estas trilhas. Segundo ele, apesar da facilidade de utilização e do acesso ao diversos softwares, há um grande e crescente interesse pela arte manual. “Isso liberta o artista para usar todas as ferramentas que tem ao seu alcance”, declarou. Segundo ele, a ilustração é uma arte essencialmente política: “A arte é essencialmente política”.