Bagatelas

ESPAÇO CENA

21 DE JULHO A 07 DE AGOSTO DE 2011

Novo espetáculo do Grupo Cena apresenta texto da autora norte-americana Susan Glaspell, inédito no Brasil

Numa casa de fazenda do interior dos Estados Unidos, no início do século 20, ocorre um crime. Um promotor, um delegado e o fazendeiro vizinho são chamados a investigar. Eles levam suas esposas. Enquanto os homens procuram as pistas doassassinato, as mulheres ficam na cozinha, observando o cotidiano da casa, analisando, através das bagatelas, o que pode ter acontecido. Este é o início da história do mais novo espetáculo que o Grupo Cena estréia no próximo dia 21.BAGATELAS traz para o Brasil texto inédito da autora norte-americana Susan Glaspell. Sob direção de Guilherme Reis, fundador, curador e diretor do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, estarão no palco seis atores dentre os mais experientes da cena brasiliense: Adriana Lodi, Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, João Antonio, Sérgio Fidalgo e William Ferreira. Eles contam esta história de amor, mistério e muita sensibilidade no Espaço Cena, de 21 de julho a 7 de agosto, de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). Às quartas-feiras, 21h, sessões abertas a estudantes de arte da Universidade de Brasília, da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e alunos da rede pública de ensino.

Nome proeminente do teatro norte-americano da primeira metade do século 20, a dramaturga Susan Glaspell permanece desconhecida no Brasil. Ao longo de sua vida (1876-1948), escreveu mais de 50 contos, dez romances e 14 peças teatrais, recebendo prêmios importantes como o American Literary Guild e o Pulitzer de Teatro. A intenção do Grupo Cena, ao encenar o belíssimo BAGATELAS, é apresentar ao público o denso trabalho da autora e aprofundar a proposta que vem sendo desenvolvida pela companhia, de manter o foco no trabalho do ator. A montagem ainda propõe uma discussão sobre a questão de gênero em toda sua abrangência.

O ESPETÁCULO

BAGATELAS é o primeiro texto teatral escrito por Susan Glaspell. Foi concebido em 1916, em um ato, baseado em fato verídico: o misterioso assassinato de um fazendeiro. O tema, a princípio, pode sugerir um drama policial. No entanto, esta impressão aos poucos vai sendo deixada de lado, em nome de uma trama que se revela sob o olhar feminino. Susan Glaspell usa o ambiente da peça para estabelecer as diferenças de percepção entre os sexos e, sobretudo, para expor a condição feminina e os subterfúgios usados pelas mulheres para sobreviver em um mundo de opressão. A genialidade de Glaspell está em trazer à tona esses temas por meio da ação das personagens e não de um discurso panfletário colocado em suas falas.

A ação se passa na cozinha da fazenda da vítima. O promotor, o vizinho (acompanhado de sua esposa) e o delegado (com sua esposa) chegam ao local para investigar o crime, cuja principal suspeita é a viúva da vítima, que está presa. Procuram a prova que pode incriminá-la. Enquanto os homens sobem para o segundo andar, para o quarto do casal onde ocorreu o crime, as duas mulheres permanecem na cozinha. E com elas o público. É ali, lendo através dos panos de prato, do cesto de costura, dos potes de conserva, enfim, das bagatelas deixadas pela viúva, que elas desvendam o que ocorreu.

A encenação do Grupo Cena deseja recriar o clima deste acontecimento, com ênfase no trabalho dos atores e atrizes. A idéia é proporcionar à platéia uma experiência diferente daquela oferecida pelas tramas policialescas veiculadas pelo cinema e pela televisão, baseadas na violência e na obviedade. Será oferecida a chance de aprender a ler nas entrelinhas, de conhecer a alma humana através do fundo das prateleiras, dos objetos legados ao acaso debaixo da pia. Um lindo percurso de imersão na condição humana com toda sua complexidade e maravilha.

GRUPO CENA

A montagem visa dar continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Grupo Cena. Desde 2005, com a montagem de espetáculos como Dinossauros, Fronteiras, Varsóvia e, mais recentemente, Heróis – o caminho do vento a companhia tem se concentrado em realizar encenações baseadas no trabalho do ator. Sem parafernálias tecnológicas, os espetáculos do Grupo Cena conquistam o público pela sensibilidade e verdade alcançadas pela interpretação dos atores.

O Grupo Cena tem caracterizado suas escolhas pelo ineditismo. A companhia apresentou ao público brasileiro a obra do dramaturgo argentino Santiago Serrano. Também marcou a estréia, em território brasileiro, da obra de outra argentina, a autora Patrícia Suarez. O grupo ainda foi responsável pela mais recente adaptação da obra “Os Demônios”, de Dostoievski, encenado sob direção de Antonio Abujamra e Hugo Rodas.

Com Susan Glaspell, o Grupo Cena reafirma seu desejo de investir nos caminhos que fogem às convenções. O espetáculo dá voz ao drama pessoal e imaginário que se desenvolve em tantas cozinhas pelo mundo afora. E a identificação pode ser transformadora.

A AUTORA

Susan Glaspell foi uma autora consagrada no circuito teatral de Nova York e Londres nas décadas de 30 e 40 do século XX. Ganhou os mais importantes prêmios da categoria, tornou-se celebridade e mereceu as melhores críticas dos principais jornais – alguns a apontam como a versão feminina de Bernard Shaw. Fazia dupla com Eugene O’Neill na autoria dos textos encenados pela companhia Provincetown Players. No entanto, enquanto O’Neill passou à posteridade como um grande autor, Susan Glaspell permaneceu na obscuridade. Não há surpresa nisso, já que o território da escritura dramática sempre foi, ao longo do tempo, essencialmente masculino. Não importa que a atriz, escritora e diretora tenha exercido um papel predominante para o desenvolvimento do moderno drama norte-americano.

Glaspell continua sendo desconhecida no Brasil. Em 2003, a pesquisadora Lucia V. Sander, doutora em Literatura pela Universidade de Nova York, dedicou a Susan Glaspell um volume com a tradução de cinco de seus textos teatrais. Publicado com apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América, o livro teve tiragem reduzida e hoje é uma raridade.

O teatro de Susan Glaspell oferece uma perspectiva diferenciada, não só da carpintaria teatral, do teatro como linguagem, mas sobretudo da maneira de olhar o mundo e suas singularidades. As personagens da autora podem dizer muito no mais profundo silêncio – aliás, como dizem que a própria Susan era como pessoa. Um gesto nunca é apenas um gesto: está pleno de significado. Foi assim que ela construiu uma obra singular e absolutamente original.

EQUIPE TÉCNICA

Texto: Susan Glaspell

Tradução: Danilo Lobo

Direção: Guilherme Reis

Elenco: Adriana Lodi, Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, João Antonio, Sérgio Fidalgo e William Ferreira

Direção de iluminação: Dalton Camargos

Trilha sonora original: Dalton Camargos e Pablo Ornelas

Cenografia e figurinos: Gustavo Magalhães e Grupo Cena

Assistência de direção: Dimer Monteiro e Chico Sant’Anna

Técnico: Israel Ferreira

Local: Espaço Cena (SCLN 205, Bloco C, nº 25)

Data: de 21 de julho a 7 de agosto

Horários: de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 20h – quartas, às 21h, sessões abertas a estudantes de artes da UnB, Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e alunos da rede pública de ensino

Ingressos: RS 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Informações e reservas: (61) 3349. 3937

Assessoria de imprensa

Para uso exclusivo dos jornalistas

Objeto Sim Projetos Culturais

Telefones
(61) 3443-8891 e (61) 3242-9805 (fone/fax)
Carmem Moretzsohn: (61) 8142-0111
Gioconda Caputo: (61) 8142-0112
Maria Alice Monteiro: (61) 9831-5090
Roberta Timponi: (61) 9211-1414
Ana de Luna: (61) 8273-5999

Email
objetosim@gmail.com
objetosim@terra.com.br
+ info
www.objetosim.com.br