ATRA BILIS
Texto inédito da espanhola Laila Ripoll ganha encenação brasileira assinada por Hugo Rodas
*Atores do Grupo Cena e convidados dão vida a uma comédia farsesca baseada no humor negro
*Dois elencos – feminino e masculino – dividirão a cena e as mesmas personagens
*Temporada de 1º de março a 1º de abril, às 20h, no Teatro Garagem do SESC da 913 sul
FOTOS EM ALTA:
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Um velório numa pequena aldeia do interior da Espanha. Três irmãs idosas e sua criada velam o corpo do único homem que habitou a Casa Grande. Durante uma longa noite de forte tempestade e segredos revelados, amores são confessados e ódios se manifestam em toda sua amargura e singularidade. Tudo coberto com o mais fino e negro humor. Assim é ATRA BILIS, espetáculo que vai marcar a estreia do teatro da autora espanhola contemporânea Laila Ripoll no Brasil. Sob a direção do mestre Hugo Rodas, a encenação faz temporada de 1º de março a 1º de abril, sempre às 20h, no Teatro Garagem, do SESC da 913 Sul. Ingressos a R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia).
ATRA BILIS leva para a cena um texto especialmente traduzido por Hugo Rodas e pela atriz Carmem Moretzsohn, para o projeto Coleção Dramaturgia Espanhola, realizado pela Acción Cultural Española – AC/E, da Espanha, em parceria com os festivais Cena Contemporânea (Brasília) e Tempo Festival (Rio de Janeiro) e com publicação da editora Cobogó. A autora Laila Ripoll já foi várias vezes premiada e apontada como um nome de ponta do teatro espanhol contemporâneo.
O projeto Coleção Dramaturgia Espanhola cedeu ao Brasil livros com dez textos de autores espanhóis contemporâneos. A ideia foi convidar grandes encenadores de vários estados brasileiros para assinarem a tradução e uma leitura das peças. Além de Hugo Rodas, apenas Aderbal Freire-Filho já conseguiu encenar o texto que traduziu – e Brasília teve a chance de ver recentemente o resultado do trabalho de Aderbal com o espetáculo A Paz Perpétua, apresentado no Cena Contemporânea 2017. Agora, é a vez de a cidade conferir toda a inventividade deste que é considerado o mais importante encenador de Brasília.
O ESPETÁCULO
Comédia de humor negro, ATRA BILIS utiliza o realismo mágico para contar uma história que, embora seja ambientada numa Espanha mítica (na qual se fala através de ditados populares, citações bíblicas e, claro, muitos impropérios), poderia ter ocorrido em qualquer pequena cidade brasileira. Nazária, Dária e Aurora são três irmãs já anciãs que viveram toda a vida juntas em uma grande casa de um povoado qualquer. Nesta noite de quinta-feira estão reunidas para velar o cadáver do marido de Nazária, a única que se casou. Junto delas está a fiel criada Ulpiana. Será ao redor deste velório que virão à luz as eternas brigas entre irmãs e os segredos ocultos que permaneceram ali, latentes, durante 50 anos.
A proposta de encenação de Hugo Rodas se destaca pela originalidade de apresentar a mesma história vivida por dois times de atores, de gêneros diferentes, e com linguagens que se complementam. A montagem conjuga dois momentos pelos quais passa todo processo de encenação teatral. Num primeiro, as leituras e ensaios (que serão feitos pelo elenco feminino), e num segundo, o espetáculo propriamente dito, em tom de farsa (protagonizado pelo elenco masculino). É claro que, em se tratando da explosão criativa que caracteriza o trabalho do encenador uruguaio-brasiliense, nada é estático e previsível. E os elencos se misturam, se complementam, se fundem.
Falar da velhice e do esquecimento num tempo em que se observa o envelhecimento da população é sempre oportuno. Ainda mais quando esta observação sobre nossas tias se faz com humor, toques de surrealismo, pitadas de ódios calados, num ambiente rural e quase perdido no tempo e no espaço. Atra Bilis – expressão que designa ira ou cólera, mas que também aceita ‘melancolia’ como tradução – oferece uma narrativa que pula do surreal ao cômico, do terror ao patético com imensa rapidez e facilidade. A autora revelou ter se inspirado no imaginário de autores como Poe, Borges e Rulfo, mas, sobretudo, em Lorca e sua Casa de Bernarda Alba, para compor esse quadro grotesco de nossa humanidade.
ELENCO
O espetáculo contará com alguns dos mais experientes atores e atrizes de Brasília, ao lado de talentos em grande ascensão. Estarão no palco Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Chico Sant’Anna, Sérgio Fidalgo, William Ferreira, Abaetê Queiróz, Camila Guerra e Solange Cianni.
Ao apresentar a interpretação das personagens Nazária, Dária, Aurorinha e Ulpiana por um time masculino e um time feminino, Hugo Rodas vai proporcionar ao público oportunidade de conhecer linhas diferentes de vocabulário cênico e de interpretação.
O Grupo Cena tem caracterizado suas escolhas pelo ineditismo. A companhia apresentou pela primeira vez ao público brasileiro a obra do dramaturgo argentino Santiago Serrano. Também marcou a estreia, em território brasileiro, da obra de outra argentina, a autora Patrícia Suarez. Ainda foi responsável pela mais recente adaptação da obra “Os Demônios”, de Dostoievski, encenado sob a direção de Antonio Abujamra e Hugo Rodas, pela montagem de texto também inédito no País de Bagatelas, da norte-americana Susan Glaspell, e por apresentar ao público brasileiro, pela primeira vez, o teatro dos franceses Philippe Minyana e Gerald Sibleyras. Agora, fará o mesmo com Laila Ripoll.
EQUIPE
HUGO RODAS – diretor e tradutor
Nascido em Juan Lacaze, Uruguai, em 1939, é diretor, ator, coreógrafo, professor e figurinista radicado em Brasília. Professor emérito da Universidade de Brasília, Cidadão Honorário de Brasília, premiado com Shell de direção por Dorotéia, de Nelson Rodrigues (ao lado dos irmãos Adriano e Fernando Guimarães), Hugo é considerado o mais importante encenador de Brasília.
LAILA RIPOLL – autora
Diretora, dramaturga e atriz nascida em Madri em 1964. Fundou a companhia teatral Micomicón, com a qual encenou textos clássicos do teatro espanhol. Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura Dramática 2015 por El Triángulo Azul. Entre suas obras dramáticas destancam-se Atra Bilis, La ciudad sitiada, Los niños perdidos o El dia más feliz de nuestra vida. Dirigiu espetáculos para a Companhia Nacional de Teatro Clássico e para o Centro Dramático Nacional.
ABAETÊ QUEIRÓZ – ator
Bacharel em Artes Cênicas, iniciou a carreira integrando a equipe de Deto e Oswaldo Montenegro em espetáculos como A Dança dos Signos/1996 e Noturno/1998. Desde então, tem sido um dos atores mais ativos de Brasília, com participação em dezenas de espetáculos assinados por encenadores como Antonio Abujamra (Os Demônios/2007), Hugo Rodas (A Ópera de Três Vinténs/2010) e Alexandre Ribondi (Luz Intrusa/2015). Também tem intensa atividade como diretor, em montagens como Desbunde (2014), Complexo de Cyrano (2014), Vinícius (2015) e Poetinha Camarada (2017). Há mais de 20 anos, desenvolve um trabalho de resgate da cultura popular brasileira, com o grupo Oficina de Brincar, em ruas, escolas, feiras, teatros, universidades, parques e outros espaços do DF.
BIDÔ GALVÃO – atriz
Atriz e professora do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Trabalhou com os principais diretores de teatro de Brasília, como Hugo Rodas, Guilherme Reis, Adriano e Fernando Guimarães, Fernando Villar, Alexandre Ribondi, dentre outros. Tem no currículo diversos prêmios de melhor atriz e em 2014 foi homenageada pelo Prêmio SESC do Teatro Candango por sua contribuição ao teatro brasiliense. Em cinema, pode ser vista em títulos como Louco por Cinema e, mais recentemente, em A Repartição do Tempo, de Santiago Dellape.
CAMILA GUERRA – atriz
Bacharel em Artes Cênicas pela UnB, atua na área desde 1992. Em 2009, foi contemplada pelo Prêmio Myriam Muniz da Funarte, com o projeto de teatro itinerante Olhar Forasteiro, cujos produtos culturais resultaram, além das apresentações teatrais, em um livro publicado no Programa de Pós-Graduação em Arte – UnB. Em 2011 recebeu dois prêmios como melhor atriz com a comédia musical A Porca Faz Anos!, com direção de Felícia Johansson. No mesmo ano participou do espetáculo Danaides do grupo de dança contemporânea baSiraH, considerado um dos 10 melhores do mês de junho pela revista BRAVO. Em 2014 integrou o elenco da comédia musical Eu vou tirar você deste lugar – As canções de Odair José.
CARMEM MORETZSOHN – atriz e cotradutora
Atriz, jornalista e tradutora, tem trabalhado com diretores como Guilherme Reis, Fernando e Adriano Guimarães, Hugo Rodas, Fernando Villar, Marcelo Saback. Em 2005, estreou também como autora com Rosa Negra – uma saga sertaneja. Em cinema, participou de filmes como Celeste & Estrela e The Book is On the Table, de Betse de Paula, O Cego que Gritava Luz, de João Batista de Andrade e, mais recentemente, de Jeitosinha e A Repartição do Tempo. Foi premiada como melhor atriz em 1986, pela atuação em Quatro Mulheres, de Marcelo Saback. Em 2012, recebeu o prêmio SESC de melhor atriz pelo desempenho em Cabaré das Donzelas Inocentes, de Sérgio Maggio. Em 2014, foi homenageada pelo Prêmio SESC, por sua contribuição ao teatro de Brasília.
CHICO SANT’ANNA – ator
Iniciou sua carreira profissional em 1980, ao lado de Bibi Ferreira, com Gota d’Água, sob a direção de Gianni Rato. Participou de espetáculos como Os Rapazes da Banda, Viúva, Porém Honesta, Arlequim, Servidor de 2 Patrões, Rosanegra, uma Saga Sertaneja, Os Demônios, Fronteiras, Heróis – O Caminho do Vento, Cru, Noctiluzes, sendo dirigido por Dimer Monteiro, Adriano e Fernando Guimarães, Hugo Rodas, Sura Berditchevsky, Antonio Abujamra, Alexandre Ribondi, Guilherme Reis e Sérgio Sartório. Tem forte atuação no cinema, em filmes como Louco por Cinema, de André Luiz Oliveira, Uma Vida em Segredo, de Suzana Amaral, Subterrâneos, de José Eduardo Belmonte, Simples Mortais, de Mauro Giuntini, (Melhor Ator no CINE-PE/Recife/2008), Cru, de Jimi Figueiredo (Melhor Ator no Festival de Cinema de Maringá e no Festival Guarnicê, em São Luis do Maranhão) e O Último Cine Drive In (indicado a melhor ator coadjuvante, no Festival de Gramado/2015). Na televisão participou de novelas e minisséries como Cabocla, O Rei do Gado, Mad Maria, JK, Amazônia, Insensato Coração e Felizes Para Sempre, entre outros.
SÉRGIO FIDALGO – ator
Participou como fundador, ator, produtor e diretor do Grupo Hombú, o mais antigo grupo de Teatro Infanto-Juvenil carioca, recebendo os Prêmios Moliére, Coca-Cola, Mambembe, dentre outros. Em Brasília, atuou como ator e produtor da Companhia dos Sonhos, sob a direção de Hugo Rodas, integrando o elenco de Arlequim, Servidor de Dois Patrões, Álbum Wilde, Rosanegra, Uma Saga Sertaneja e Preciosas Promessas. Integrou o elenco do espetáculo Os Demônios, dirigido por Antonio Abujamra e Hugo Rodas, Fronteiras e Bagatelas, dirigidos por Guilherme Reis, dentre outros.
SOLANGE CIANNI – atriz
Pedagoga, escritora e atriz, nasceu no Rio de Janeiro e mudou-se para Bsb em 1972, quando iniciou sua carreira no teatro. Trabalhou em Gota D’Agua/1980 (sob a batuta de Bibi Ferreira), Pastoril de Natal – TV E, RJ/ 1983 (com Cassia Kiss) e integrou o Grupo Pitu/81, de Hugo Rodas. Já atuou sob a direção de Guilherme Reis (Pedro e o Lobo/1993), Dimer Monteiro (A Gema do Ovo da Ema/1980), Fernando Villar (Vidas Erradas/1985), William Ferreira (As Vizinhas/2011) e Jonathan Andrade (Poeira/2016). Em dança, participou dos grupos Maria Dança Da Silva, Rainer Viana/RJ/1983 e EnDanca, Brasília/1981. Como escritora, tem quatro livros infantis editados e participa de Feiras Literárias com palestras e oficinas para professores e crianças. Membro do Mulherio das Letras com texto nas coletâneas Nacionais “Prosas e Contos do Mulherio” e “Poesias do Mulherio das Letras”, ambos lançados em João Pessoa/2017 e Coletânea Mulherio Internacional – Mulheres pela Paz, lançado em março/2018- Alemanha.
WILLIAM FERREIRA – ator
Ator, dançarino, professor e diretor, com vasta atuação no teatro, dança e cinema. Entre seus últimos trabalhos no teatro, destacam-se A Obscena Senhora D, Os Demônios e Resta Pouco a Dizer. Dirigiu a peça Cabaré das Donzelas Inocentes, ao lado Murilo Grossi. Em cinema, atuou no longa Araguaya – A Conspiração do Silêncio, de Ronaldo Duque e nos curtas-metragens Maria Morango, de Érico Cazarré; Uma Questão de Tempo, de Catarina Accioly e Gustavo Galvão, e As Incríveis Bolinhas do Dr. Sorriso Sarcástico, de Gustavo Galvão. Na televisão, participou das novelas A Favorita, de João Emanuel Carneiro, e Viver a Vida, de Manoel Carlos, entre outras.
FICHA TÉCNICA
Texto: Laila Ripoll
Direção e tradução: Hugo Rodas
Elenco: Abaetê Queiroz, Bidô Galvão, Camila Guerra, Carmem Moretzsohn, Chico Sant’Anna, Sérgio Fidalgo, Solange Cianni e William Ferreira
Cenografia, figurinos e iluminação: Hugo Rodas
Fotografias: Diego Bresani
Artes: Chico Sassi
Produção: Luciana Lobato
Duração: 80min
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos
SERVIÇO
LOCAL: Teatro Garagem do SESC (913 sul)
DATA: 1º de março a 1º de abril
HORÁRIO: de sexta a domingo, às 20h
INGRESSOS: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
INFORMAÇÕES: (61) 3445-4415